Foto retirada do sítio do Expresso |
Porque estive no casamento de um ex-aluno (ainda há jovens que se casam...), não pude participar nos protestos que ontem ocorreram em vários pontos do país. Se pudesse ter estado presente, teria estado na Avenida da Liberdade.
Pelo que pude ver nos noticiários das 24 horas e pelo que pude ler nos blogues e sítios de órgãos de comunicação social, as manifestações promovidas pelo movimento «Geração à rasca» superaram largamente as expectativas; e a concentração de professores no Campo Pequeno cumpriu o que dela era esperado — quer quanto ao número de participantes (encheu, mas não transbordou), quer quanto ao conteúdo do discurso de Mário Nogueira, que acabei de ler: críticas habituais, sem uma definição precisa de mobilização imediata contra a ADD.
Quanto à acção dos sindicatos não tenho, infelizmente e já há muito tempo, nenhuma boa expectativa, pelas razões que, neste blogue, tenho apresentado. O mesmo não se passa relativamente à crescente capacidade de intervenção cívica dos portugueses, de que o movimento «Geração à rasca» é um exemplo. Na minha opinião, o que ontem ocorreu, em várias das nossas cidades, é relevante por duas razões, entre outras:
— porque foi um gigantesco protesto público contra as políticas do Governo do PS e, indirectamente, contra as políticas que actualmente dominam a União Europeia;
— porque os emergentes movimentos sociais podem significar que algo está a mudar no modo democrático de a sociedade intervir politicamente.
Com uma só cajadada dois coelhos foram atingidos: a esgotada e incompetente política governamental foi objecto de uma inequívoca rejeição; os partidos políticos e os sindicatos começaram a perceber que, se não se reformulam, poderão ser ultrapassados por novas formas de intervenção social. E apesar de nada se poder assegurar quanto aos desenvolvimentos futuros que estas duas situações vão ter, a sua presente ocorrência é significativa.
Certamente que, agora, será necessário tornar ainda mais real o protesto, isto é, alargá-lo, assumindo que «geração à rasca» não é apenas uma: são todas.