quarta-feira, 9 de março de 2011

Às quartas

A SÍLABA QUE FALTA

     Meu cravo mais novo desfilou já bastante
a coxear sobre sua raiz visitou pousadas e intempéries
prò diabo minhas pupilas vivam as aparições
nem sequer no delírio encontro o que procuro
uma única sílaba e meu reino será meu reino
não deste mundo nem do outro só meu
pássaro que fosforece
quando sua polução de plumas
o torna mais ligeiro.

     Procuro a chave da claridade
ergo meu corpo
mas detém-me a minha estatura
sílaba sílaba sílaba
tu a sós nada significas
quando te encontre a morte achar-me-á
vestido com a primeira palavra.

Marco António Montes de Oca
(Trad.: José Bento)