Eu quero, Eu quero
De boca aberta, o deus recém-nascido
imenso, calvo, embora com cabeça de criança,
gritou pela teta da mãe.
Os vulcões secos estalaram e cuspiram,
a areia esfolou o lábio sem leite.
Gritou então pelo sangue paterno
que agitou a besta, o tubarão e o lobo
e veio engendrar o bico do ganso.
De olhos secos, o inveterado patriarca
ergueu seus homens de pele e osso:
farpas sobre a coroa de fio dourado,
espinhos nas hastes sangrentas da rosa.
Sylvia Plath
(Trad.: Maria de Lourdes Guimarães)