Acerca do Existencialismo (3)
«Heidegger foi ao ponto de dizer que a existência humana é ser-condescendente-com-a-morte. Para viver autenticamente, temos de encarar de frente o facto da nossa própria mortalidade e assumir a responsabilidade por viver vidas importantes à sombra da morte. Não devemos tentar escapar à ansiedade pessoal e à responsabilidade pessoal negando o facto da morte. [...]Para Heidegger, não é apenas uma questão de ser mais corajoso viver à sombra da morte; é que o único meio autêntico de viver, porque a nossa vez pode surgir a qualquer momento
Pintor: Estou a vender bem?
Proprietário da galeria: Bem, há uma notícia boa e uma notícia má. Um homem veio perguntar-me se eras um pintor cuja obra se valorizaria depois de morreres. Quando eu lhe disse que estava convencido que sim, ele comprou tudo o que tinhas na galeria.
Pintor: Uau! Isso é fantástico! E qual é a má notícia?
Proprietário da galeria: Foi o teu médico.
Todavia, de vez em quando ouvimos uma história acerca da morte que se atreve a olhar para a angústia existencial suprema de frente e a rir-se dela. Gilda Radner teve a coragem de contar esta diante de um público ao vivo, depois de lhe ser diagnosticado um cancro em fase terminal.
Uma mulher com cancro vai a uma consulta com o seu oncologista, que lhe diz:
- Bem, infelizmente, chegámos ao fim da linha. A senhora tem apenas oito horas de vida. Vá para casa e aproveite ao máximo.
A mulher vai para casa, dá a notícia ao marido e diz:
- Querido, vamos fazer amor a noite inteira.
E o marido diz:
- Sabes como por vezes te apetece fazer sexo e outras vezes não te apetece? Bem, esta noite não me apetece.
- Por favor - implora a mulher. - É o meu último desejo, querido.
- Mas não me apetece - replica o marido.
- Imploro-te, querido!
- Escuta - diz o marido. - É muito fácil para ti dizeres isso. Não tens de te levantar de manhã.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar..., pp. 152-154.