sábado, 28 de novembro de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca da Filosofia da Linguagem - II

«Wittgenstein atribuía a culpa de todos os erros da filosofia ocidental ao que denominava "ser enfeitiçado pela linguagem», querendo com isto dizer que as palavras podem enganar-nos, levando-nos a classificar erradamente as coisas. Somos ludibriados pela forma gramatical das frases em que as questões filosóficas são formuladas. Por exemplo, no seu magnum opus, Being and Time, Heidegger debateu "nada" como se designasse alguma coisa esquisita. Eis um exemplo similar de confussão linguística:
— Espero que vivas até aos cem anos e mais três meses, Freddy.
— Obrigado, Alex. Mas porquê os três meses?
— Não quero que morras de repente.
Se pensam que Alex está enfeitiçado pela linguagem, atentem em Garwood na história que se segue:
Garwood vai a uma consulta com um psiquiatra, onde se queixa de que não consegue arranjar uma namorada.
— Não admira! — diz o psiquiatra. — O senhor cheira extremamente mal!
— É isso mesmo — replica Garwood. — É por causa do meu emprego... eu trabalho no circo e tenho de seguir os elefantes por todo o lado para limpar os seus excrementos. Por muito que me lave, o cheiro cola-se a mim.
— Nesse caso, despeça-se e arranje outro emprego — aconselha o psiquiatra.
— Está doido? — replica Garwood. — E desistir do mundo do espectáculo?
Garwood confundiu a denotação de "mundo do espectáculo", que, no seu caso, inclui limpar os excrementos dos elefantes, com a conotação emocional de "mundo do espectáculo", em que a única coisa que importa é estar sob as luzes da ribalta.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...