Há um ano postamos o nosso Texto de Abertura:
«Foi o estado a que chegou a Educação (e o resto) que nos decidiu a criar este blogue. Entendemo-lo como mais um instrumento de intervenção cívica com o qual alargamos e completamos as actividades que cada um de nós desenvolve nos mais diversos domínios da vida social, e, igualmente, como um prolongamento da nossa intervenção profissional, enquanto professores.
Este blogue nasce numa conjuntura particularmente grave da Educação em Portugal. Nasce no momento em que a política educativa, desprezando a substância, se centra na aparência e trabalha exclusivamente para a estatística, simulando, contudo, estar a elevar a qualidade da formação dos portugueses e a qualidade do ensino.
Paralelamente, foi esta mesma política educativa que elegeu como alvo os professores, acusando-os de serem os responsáveis pelo estado a que chegou a educação no nosso país. Com arrogância e incompetência política e técnica, os responsáveis pela pasta da educação decidiram menosprezar e desprezar a dignidade dos docentes. Consequência, a líder converteu em seus opositores aqueles que deveria liderar.
Complementarmente, constata-se um fenómeno inovador: toda a gente sente-se capacitada, avalizada e fundamentada para emitir sentenças e produzir juízos sobre qualquer domínio da educação, por mais complexo que ele seja, como é o caso da avaliação de desempenho dos professores. Do palpite ao insulto desabrido, vê-se, lê-se e ouve-se de tudo.
A Educação não saiu à rua, caiu na rua! Ora, se a Educação não pode ser um reduto de elites, também não pode ser um pântano de alvitres.»
Este blogue nasce numa conjuntura particularmente grave da Educação em Portugal. Nasce no momento em que a política educativa, desprezando a substância, se centra na aparência e trabalha exclusivamente para a estatística, simulando, contudo, estar a elevar a qualidade da formação dos portugueses e a qualidade do ensino.
Paralelamente, foi esta mesma política educativa que elegeu como alvo os professores, acusando-os de serem os responsáveis pelo estado a que chegou a educação no nosso país. Com arrogância e incompetência política e técnica, os responsáveis pela pasta da educação decidiram menosprezar e desprezar a dignidade dos docentes. Consequência, a líder converteu em seus opositores aqueles que deveria liderar.
Complementarmente, constata-se um fenómeno inovador: toda a gente sente-se capacitada, avalizada e fundamentada para emitir sentenças e produzir juízos sobre qualquer domínio da educação, por mais complexo que ele seja, como é o caso da avaliação de desempenho dos professores. Do palpite ao insulto desabrido, vê-se, lê-se e ouve-se de tudo.
A Educação não saiu à rua, caiu na rua! Ora, se a Educação não pode ser um reduto de elites, também não pode ser um pântano de alvitres.»
Esta parte do Texto de Abertura do blogue podia ter sido escrita hoje, que mantinha plena actualidade. Por aqui se vê como este foi um ano perdido na Educação. Estamos na mesma, no mesmo ponto de há um ano. A responsabilidade disto é da ministra da Educação e do Governo que temos. Por isso, no que a esta parte diz respeito, não temos motivos para festejar. No que a esta parte diz respeito, só podemos dizer que estivemos e continuaremos a estar determinados a prosseguir o caminho da firme contestação à política responsável pelo período mais negro da história da Educação em Portugal, desde há 35 anos.
Mas esta ministra da Educação, felizmente, sairá, desaparecerá. Nós ficaremos cá, como sempre, a cumprir o nosso dever, e, neste caso, também a corrigir os dislates, a apagar o fogo que irresponsavelmente ela ateou, a introduzir bom senso onde tem existido arrogância e prepotência. Em Outubro, o mais tardar, Maria de Lurdes Rodrigues vai embora. Nessa altura festejaremos.
Há um ano, concluíamos o nosso Texto de Abertura assim:
«Submeteremos ao escrutínio da crítica tudo o que considerarmos que deve ser escrutinado. Em primeiro lugar, as nossas próprias opiniões, que ficam sujeitas à exposição pública e ao contraditório; em segundo lugar, a política educativa, da legislação e orientações emanadas do Ministério da Educação até às opções e medidas que, adoptadas por uma qualquer escola, mereçam ser favorável ou desfavoravelmente criticadas.
Mas a vida não é só educação e, por isso, este blogue não está limitado a esse campo específico. A educação é produtora e é produto de sociedades, de culturas, de decisões políticas, de opções ideológicas, religiosas, estéticas e filosóficas. Deste modo, sempre que a vontade, a necessidade ou a oportunidade o ditarem, quaisquer outros assuntos serão aqui abordados.
As opiniões são individuais, vinculam apenas os seus subscritores. Temos em comum a necessidade e a vontade de intervir. A liberdade de opinião é integralmente respeitada, assim como serão respeitados, sempre, os limites dentro dos quais se desenvolve o exercício pleno da cidadania. A frontalidade e a agressividade críticas nunca darão lugar ao insulto pessoal ou à calúnia.
Por outro lado, não nos deixaremos condicionar pelo clima da mais ou menos discreta intimidação que este governo achou por bem inaugurar e que vários zelotas têm tentado desenvolver em diferentes locais de trabalho do Estado. Por isso, os artigos por nós escritos serão sempre assinados.
Finalmente, queremos deixar público agradecimento a um amigo de longa data, Miguel Teixeira, designer de profissão, pelo tratamento artístico do título do blogue e pela ajuda técnica na sua construção.»
Olhando para trás, pensamos que cumprimos aquilo a que nos comprometemos, isto é, exercemos o escrutínio e submetemo-nos ao escrutínio, falámos, analisámos, discutimos a Educação deste país, mas também saltitámos pelo resto - pela política geral, pela filosofia, pela poesia, pela literatura, pela música, pela pintura, pelo cinema, pelo humor, pela banda desenhada e por aí fora...
Acima de tudo tentámos partilhar opiniões, gostos e prazeres com quem tem a gentileza de nos visitar.
Um ano decorrido, queremos agradecer a todos aqueles (e novamente ao Miguel) que diariamente ou de quando em vez passam por cá, para lerem, para ouvirem ou para observarem o que por aqui vamos postando. E, claro, um agradecimento muito particular àqueles que não só nos visitam como também comentam e partilham opiniões, pensamentos, críticas. Sem eles o blogue seria mais pobre.
Ao contrário do que dissemos acima, no que a esta parte diz respeito, já temos boas razões para festejar.
Fica, então, o nosso obrigado e a ameaça de que continuaremos por cá.
Jaime Ribeiro, João Pedro Costa, Margarida Correia, Mário Carneiro.