sábado, 7 de março de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca da falácia do Respeito pela Autoridade

(Argumentum ad Verecundiam)
«O argumento do respeito pela autoridade é um dos argumentos preferidos do nosso patrão. Citar uma autoridade para apoiar um argumento não é uma falácia lógica em si e por si; a opinião especializada é legitimar uma prova juntamente com outra prova. O que é falacioso é usar o respeito pela autoridade como a única confirmação da sua posição, apesar de provas convincentes que apontam em sentido contrário.
Ted encontra o amigo Al e exclama:

- Ah! Ouvi dizer que tinhas morrido!
- Não me parece - replica Al, a rir. - Como vês, estou muito vivo.
- Impossível - riposta Ted. - O homem que me disse é muito mais fidedigno do que tu.
O que está sempre em jogo nos argumentos de autoridade é quem é aceite como uma autoridade legítima.
Um homem entra numa loja de animais e pede para ver os papagaios. O proprietário mostra-lhe dois papagaios lindos que estão na loja.
- Este custa cinco mil dólares e o outro custa dez mil - diz.
- Uau! - exclama o homem. - Que faz o de cinco mil dólares?
- Este papagaio sabe cantar todas as árias compostas por Mozart - diz o proprietário da loja.
- E o outro?
- Canta todo o ciclo de
O Anel de Wagner. E tenho outro papagaio nas traseiras que custa trinta mil dólares.
- Santo Deus! Que faz ele?
- Nada que eu tenha ouvido, mas os outros dois chamam-lhe "Maestro".
Segundo as nossas autoridades, algumas autoridades têm melhores credenciais do que outras; o problema surge quando o outro lado não aceita essas credenciais.
Quatro rabinos costumavam discutir teologia juntos e três estavam sempre de acordo contra o quarto. Um dia, depois de perder por três contra um uma vez mais, o rabino que ficava sempre excluído decidiu apelar a uma autoridade mais alta.
- Ó, Deus - exclamou.- No fundo, sei que estou certo e que eles estão errados! Por favor, dá-me um sinal para lhes provar que estou certo!
Estava um dia lindo e soalheiro. No momento em que o rabino terminou a sua prece, uma nuvem de tempestade deslizou no céu por cima dos quatro rabinos. Ouviu-se um trovão e a nuvem dissolveu-se.
- Um sinal de Deus! Estão a ver, eu tenho razão, eu sabia!
Mas os outros três discordaram e referiram que é frequente formarem-se nuvens em dias quentes.
Assim, o rabino rezou de novo.
- Ó, Deus, preciso de um sinal maior para mostrar que tenho razão e eles estão errados. Por isso, por favor, Deus, dá-me um sinal maior!
Desta vez surgiram quatro nuvens de tempestade que se juntaram para formar uma grande nuvem, e um raio atingiu uma árvore numa encosta próxima.
- Eu disse-vos que tinha razão! - exclamou o rabino, mas os amigos insistiram que não tinha acontecido nada que não pudesse ser explicado por causa naturais.
O rabino estava a preparar-se para pedir um sinal muito, muito grande, mas no momento em que disse "Ó, Deus...", o céu ficou completamente preto, a terra tremeu e uma voz profunda e tonitruante disse:
- EEEEELLLLEEEE TEEEMM RAAAAZÃO!
O rabino colocou as mãos nas ancas, voltou-se para os outros três e disse:
- Então?
- Então - disse um dos rabinos, encolhendo os ombros -, agora são três contra dois.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...