sábado, 21 de março de 2009

Hoje não é quarta-feira, mas é o Dia Mundial da Poesia...

Soneto LXXVI

Porque de orgulho são tão nus meus versos,
tão limpos de contraste e mudanças?
Porque, com o tempo, não vão sendo imersos
em novo estilo e estranhas esquivanças?

Porque escrevo eu sempre tão igual ao que era,
mantendo-me fiel ao que inventei,
que cada termo é como se dissera
quanto de mim procede, que o gerei?

Que é só de ti, meu doce amor, que escrevo
contigo e Amor aos devaneios basto;
e o meu saber de poeta é este enlevo

de ainda outra vez gastar o que está gasto.
Tal como o Sol é novo cada dia,
assim do Amor eu digo o que dizia.

William Shakespeare