O que os movimentos podem propor que se faça
Como os movimentos não podem marcar greves nem têm a capacidade logística nem financeira para mobilizar um grande número de professores, resta-lhes, a este nível, apresentar, junto dos professores e dos sindicatos, propostas de caminhos a seguir e de acções a desenvolver.
No Encontro de Professores realizado em Leiria, nem sempre a consciência desta limitação esteve presente, como nem sempre se teve presente que não é possível ou não é aconselhável definir, com pormenor, as acções a propor (não é aconselhável porque o desenvolvimento desse tipo de acções não depende dos movimentos, depende dos sindicatos, e a calendarização dos sindicatos é feita em função dos jogos partidários e eleitorais e não em função da resolução efectiva dos problemas profissionais dos professores; e, finalmente, porque a lógica sindical não permite que outros tomem a iniciativa, pelo menos publicamente). Para além de que os resultados das negociações que estão a decorrer entre os ME e os sindicatos sobre o Estatuto da Carreira Docente serão determinantes para se saber, com precisão, qual o rumo que se deve e pode seguir.
Os movimentos podem fazer pressão, mas não têm o poder, neste domínio, de definir as situações e de as realizar.
Neste contexto, é minha opinião que os movimentos devem submeter ao sufrágio dos professores três propostas gerais (sem datas muito definidas e sem prévios pormenores organizacionais, que em momento posterior serão apurados):
A. Realização, no mês de Maio, do Fórum Nacional «Compromisso Educação» para celebração de um compromisso para a Educação que vincule partidos políticos, sindicatos, associações e movimentos de professores (proposta apresentada pelo PROmova);
(E se, como previsivelmente acontecerá, as negociações sobre o ECD forem infrutíferas)
B. Realização, durante o mês de Maio, de uma Manifestação/Marcha Nacional (proposta da APEDE, MEP e MUP);
C. Realização de uma greve prolongada realizada por sectores e/ou níveis de escolaridade ou por outra forma, que possibilite, a baixos custos, o seu desenvolvimento no tempo.
Uma nota sobre a hipótese de uma greve às avaliações.
Como tive oportunidade de afirmar no Encontro, a greve às avaliações no 3º período é uma hipótese que levanta diversos problemas:
1. No 3º período, os Conselhos de Turma de Avaliação não se iniciam todos ao mesmo tempo nem terminam todos ao mesmo tempo, dentro da mesma escola e entre as diferentes escolas (estendem-se do início até final de Junho). O que significa que professores de umas escolas entrariam em greve e professores de outras escolas não. O que significaria que muitos educadores não fariam greve e muitos professores do 1º ciclo só a poderiam fazer, eventualmente, no final do mês de Junho.
2. Isto faria com que, eventualmente, os professores que leccionam os 11.º e 12º anos, que seriam os primeiros a iniciar as greves e sobre os quais toda a pressão seria exercida, se sentissem desacompanhados e se sentissem os alvos isolados de todas as críticas que inevitavelmente surgiriam.
3. Seguramente que várias seriam as vozes que salientariam que os sacrifícios financeiros resultantes daquela greve não seriam distribuídos de modo semelhante por todos os professores.
Ora, nada disto abona a favor da coesão e da eficácia deste tipo de greve. E não estou a introduzir, nestas observações, elementos de outra ordem, como sejam: a fácil manipulação de que esta acção seria alvo por parte de todos os que estão interessados em denegrir a imagem dos professores (este Governo, os Rangéis, os Tavares e os Vitais deste país); os danos que resultariam para alunos e pais e as consequentes e imprevisíveis reacções; o nível de receptividade que esta greve teria junto dos professores; o carácter aparentemente acintoso e direccionado para o elo mais fraco - os alunos - de que esta greve seria acusada.
Acerca daquilo que os movimentos/blogues podem efectivamente fazer, porque não dependem de ninguém para o realizar, escreverei em próximo post. E aquilo que os movimentos/blogues podem fazer é, do meu ponto de vista, tão relevante, para os objectivos que se prosseguem, como o que acima foi referido.
Como os movimentos não podem marcar greves nem têm a capacidade logística nem financeira para mobilizar um grande número de professores, resta-lhes, a este nível, apresentar, junto dos professores e dos sindicatos, propostas de caminhos a seguir e de acções a desenvolver.
No Encontro de Professores realizado em Leiria, nem sempre a consciência desta limitação esteve presente, como nem sempre se teve presente que não é possível ou não é aconselhável definir, com pormenor, as acções a propor (não é aconselhável porque o desenvolvimento desse tipo de acções não depende dos movimentos, depende dos sindicatos, e a calendarização dos sindicatos é feita em função dos jogos partidários e eleitorais e não em função da resolução efectiva dos problemas profissionais dos professores; e, finalmente, porque a lógica sindical não permite que outros tomem a iniciativa, pelo menos publicamente). Para além de que os resultados das negociações que estão a decorrer entre os ME e os sindicatos sobre o Estatuto da Carreira Docente serão determinantes para se saber, com precisão, qual o rumo que se deve e pode seguir.
Os movimentos podem fazer pressão, mas não têm o poder, neste domínio, de definir as situações e de as realizar.
Neste contexto, é minha opinião que os movimentos devem submeter ao sufrágio dos professores três propostas gerais (sem datas muito definidas e sem prévios pormenores organizacionais, que em momento posterior serão apurados):
A. Realização, no mês de Maio, do Fórum Nacional «Compromisso Educação» para celebração de um compromisso para a Educação que vincule partidos políticos, sindicatos, associações e movimentos de professores (proposta apresentada pelo PROmova);
(E se, como previsivelmente acontecerá, as negociações sobre o ECD forem infrutíferas)
B. Realização, durante o mês de Maio, de uma Manifestação/Marcha Nacional (proposta da APEDE, MEP e MUP);
C. Realização de uma greve prolongada realizada por sectores e/ou níveis de escolaridade ou por outra forma, que possibilite, a baixos custos, o seu desenvolvimento no tempo.
Uma nota sobre a hipótese de uma greve às avaliações.
Como tive oportunidade de afirmar no Encontro, a greve às avaliações no 3º período é uma hipótese que levanta diversos problemas:
1. No 3º período, os Conselhos de Turma de Avaliação não se iniciam todos ao mesmo tempo nem terminam todos ao mesmo tempo, dentro da mesma escola e entre as diferentes escolas (estendem-se do início até final de Junho). O que significa que professores de umas escolas entrariam em greve e professores de outras escolas não. O que significaria que muitos educadores não fariam greve e muitos professores do 1º ciclo só a poderiam fazer, eventualmente, no final do mês de Junho.
2. Isto faria com que, eventualmente, os professores que leccionam os 11.º e 12º anos, que seriam os primeiros a iniciar as greves e sobre os quais toda a pressão seria exercida, se sentissem desacompanhados e se sentissem os alvos isolados de todas as críticas que inevitavelmente surgiriam.
3. Seguramente que várias seriam as vozes que salientariam que os sacrifícios financeiros resultantes daquela greve não seriam distribuídos de modo semelhante por todos os professores.
Ora, nada disto abona a favor da coesão e da eficácia deste tipo de greve. E não estou a introduzir, nestas observações, elementos de outra ordem, como sejam: a fácil manipulação de que esta acção seria alvo por parte de todos os que estão interessados em denegrir a imagem dos professores (este Governo, os Rangéis, os Tavares e os Vitais deste país); os danos que resultariam para alunos e pais e as consequentes e imprevisíveis reacções; o nível de receptividade que esta greve teria junto dos professores; o carácter aparentemente acintoso e direccionado para o elo mais fraco - os alunos - de que esta greve seria acusada.
Acerca daquilo que os movimentos/blogues podem efectivamente fazer, porque não dependem de ninguém para o realizar, escreverei em próximo post. E aquilo que os movimentos/blogues podem fazer é, do meu ponto de vista, tão relevante, para os objectivos que se prosseguem, como o que acima foi referido.