Há mais debate num congresso do PCP
«[...] O Congresso do PS que ontem terminou só pode vir um dia a ser recordado pelo mais virulento ataque a jornalistas e a órgãos de informação feito por um primeiro-ministro em funções que, ao mesmo tempo, reduziu o que em tempos era um Congresso em que se discutiam ideias a um espectáculo desenhado em sua única e exclusiva honra. Mais: o político que se queixou dos jornalistas, atropelou tudo e todos (até Almeida Santos), para falar sempre em cima da abertura dos jornais televisivos.
[...] Importa recordar [...] quatro factos, todos eles reveladores de que José Sócrates é o que é, ou seja, alguém que sempre privilegiou o marketing em detrimento da política e do sentido de Estado.
Primeiro facto: o primeiro-ministro podia ter adaptado o horário do Congresso para ir à cimeira de Bruxelas [...].
Segundo facto: o único ponto do Congresso que poderia não ser totalmente controlado era o relativo às moções sectoriais, mas esse foi vítima do "apagão". Apesar de não terem faltado sugestões para resolverem o problema, a opção do "partido mais democrático de Portugal" foi tirar a voz aos que iam falar dos temas menos consensuais [...]
Terceiro facto: a "presidencialização" das próximas campanhas eleitorais, anunciada pelo slogan "Sócrates 2009" e várias vezes reafirmada por oradores que sublinharam que os [três] escrutínios separados são como um só, é mais uma manifestação da anormal concentração de poder num só homem. Quer a nível do partido, quer a nível do aparelho de Estado, quer até da forma como intervém na economia, não se assistia a tal centralização obsessiva desde o tempo de Salazar. E os microautoritarismos que surgem a todo o momento [...] não deixarão de se sentir confortáveis quando o exemplo vem de cima.
Quarto facto, e mais importante de todos: este congresso adoptou ou fingiu que adoptou uma nova linha política sem que isso tivesse sido minimamente discutido. [...]»
José Manuel Fernandes, Público (2/3/09)Primeiro facto: o primeiro-ministro podia ter adaptado o horário do Congresso para ir à cimeira de Bruxelas [...].
Segundo facto: o único ponto do Congresso que poderia não ser totalmente controlado era o relativo às moções sectoriais, mas esse foi vítima do "apagão". Apesar de não terem faltado sugestões para resolverem o problema, a opção do "partido mais democrático de Portugal" foi tirar a voz aos que iam falar dos temas menos consensuais [...]
Terceiro facto: a "presidencialização" das próximas campanhas eleitorais, anunciada pelo slogan "Sócrates 2009" e várias vezes reafirmada por oradores que sublinharam que os [três] escrutínios separados são como um só, é mais uma manifestação da anormal concentração de poder num só homem. Quer a nível do partido, quer a nível do aparelho de Estado, quer até da forma como intervém na economia, não se assistia a tal centralização obsessiva desde o tempo de Salazar. E os microautoritarismos que surgem a todo o momento [...] não deixarão de se sentir confortáveis quando o exemplo vem de cima.
Quarto facto, e mais importante de todos: este congresso adoptou ou fingiu que adoptou uma nova linha política sem que isso tivesse sido minimamente discutido. [...]»