sábado, 21 de março de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca de Paradoxos Lógicos e Semânticos
«O pai de todos os paradoxos lógicos e semânticos é o paradoxo de Russell, que foi baptizado com o nome do autor, o filósofo inglês do século XX, Bertrand Russell. Diz o seguinte: "O conjunto de todos os conjuntos que não são elementos de si mesmos é elemento de si mesmo?" Este é um verdadeiro desafio - isto é, se tiverem um doutoramento em matemática. Mas não desesperem. Felizmente, dois outros lógicos do século XX, chamados Grelling e Nelson, apresentaram uma versão mais acessível do paradoxo de Russell. É um paradoxo semântico que funciona com o conceito de palavras que se referem a si mesmas.
Aqui vai: existem dois tipos de palavras, aquelas que se referem a si mesmas (autológicas) e as que não se referem a si mesmas (heterológicas). Alguns exemplos de palavras autológicas são "curto" (que é uma palavra curta), "polissilábica" (que tem várias sílabas) e, a nossa favorita, "dezassete-letras" (que tem dezassete letras). Exemplos de palavras heterológicas são joelhos-tortos (uma palavra que não tem joelhos, tortos ou não) e "monossilábica" (uma palavra que tem mais de uma sílaba). A questão é: a palavra "heterológica" é autológica ou heterológica? Se for autológica, então é heterológica. Se for heterológica, então é autológica. Ah! Ah! Ah!
Ainda não estão a rir-se? Bem, há outro caso em que traduzir um conceito filosófico numa história engraçada o torna mais claro:
Há uma cidade onde o único barbeiro - a propósito, um homem - faz a barba a todos os homens da cidade, mas apenas aos homens que não se barbeiam. O barbeiro faz a barba a si mesmo?
Se fizer a barba a si mesmo, não pode fazer a barba a si mesmo. Se não fizer a barba a si mesmo, faz a barba a si mesmo.

[Agora] a versão do paradoxo para o grupo da festa.
Não visitamos as casas de banho das senhoras com frequência, por isso não podemos ter a certeza do que acontece no seu interior, mas sabemos que os leitores do sexo masculino conhecerão os paradoxos muitas vezes escrevinhados nas paredes das casas de banho dos homens, especialmente nas comunidades colegiais. São paradoxos lógicos/semânticos semelhantes aos de Russell e de Grelling-Nelson, mas mais animados. Lembram-se destes? Lembram-se onde estavam sentados na altura?
Verdadeiro ou falso: "Esta frase é falsa."
Ou,
Se um homem tenta fracassar e é bem sucedido, que é que lhe aconteceu?»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...