sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Suspensão da avaliação: PSD não cumpre o que prometeu

Assisti a grande parte do debate parlamentar sobre a avaliação docente, ontem realizado. E pude ver, mais uma vez, a razão pela qual o Parlamento e muitos políticos são tidos em tão má conta pelos portugueses. Pude ver, mais uma vez, a razão pela qual aos deputados são atribuídos epítetos que não são susceptíveis de reprodução, aqui.
Vi quem, desta vez, deu justificação a esses epítetos. Isto é, vi os deputados do PSD terem um comportamento politicamente deplorável. Vi como os responsáveis políticos do PSD, sem um mínimo de pudor, mentiram aos portugueses. Mentiram porque, na campanha eleitoral, prometeram uma coisa e, agora eleitos, vão fazer outra: prometeram, e escreveram no seu programa eleitoral, que tomariam a posição de suspender o actual modelo de avaliação docente e, faltando ao compromisso que assumiram com os seus eleitores, não vão cumprir. E não só anunciaram que não vão cumprir como já afirmaram também que não vão viabilizar as propostas do CDS, PCP e BE que determinam a suspensão do actual modelo de avaliação. Estes são os factos.
Factos indecorosos, que revelam a importância que os deputados do PSD dão à sua própria palavra e o respeito que têm pelos seus eleitores e pelos portugueses em geral. A palavra dos deputados do PSD vale nada e o respeito pelos portugueses é nenhum.
Ficamos hoje a conhecer qual é, afinal, a política de verdade prometida por Manuela Ferreira Leite e pelo PSD: a política de verdade, na primeira iniciativa parlamentar, revela ser uma medonha mentira.

Felizmente, ainda que com resultados infrutíferos, pudemos assistir, no mesmo debate, a comportamentos dignos e sérios. Destes, destaco, pela forma e pelo conteúdo, as intervenções da deputada Ana Drago, do BE, que fundamentou com rigor e com verdade a posição de suspensão da avaliação. Mas não fez apenas isto, foi a única deputada que defendeu um princípio básico: nenhum professor pode ser prejudicado ou beneficiado com a arbitrariedade e com a incompetência do modelo de avaliação vigente. Isto é, por um lado, não pode ficar ao critério discricionário dos directores das escolas a decisão de avaliarem uns professores e não avaliarem outros, e, por outro lado, as classificações de Muito Bom e de Excelente, já atribuídas, não podem contar para efeitos de concurso nem para a progressão na carreira. O PCP tem uma posição semelhante, mas faz uma omissão grave, não assumiu que aquelas classificações não podem contar para a progressão na carreira. O CDS remete este assunto para uma comissão ad hoc que estudaria juridicamente o assunto.
Quanto ao PS, não vale sequer a pena perdermos tempo com comentários.