«Fazem girar a máquina do crescimento ilimitado e se eles se mobilizam sem demoras e sem tréguas, é pela sua própria salvação de seres económicos, sem outra razão de ser do que a sua contribuição para o crescimento, sem outra justificação para as suas existências minúsculas do que o valor acrescentado, primeiros seres vivos cujo crescimento é o oxigénio e cujo trabalho é a respiração. Como o burro que faz girar a roda, como os escravos de olhos estoirados acorrentados ao moinho das villas romanas, continuam sem ver o círculo daqueles cuja cultura acabou por separá-los para sempre do que teria podido, um dia talvez, torná-los homens. E acreditam, sem dúvida, que no fim do caminho invisível que seguem, as correntes caídas, a roda parada, a corrida feliz começará e, sem dúvida, que esperam, sem acreditar, que um dia qualquer coisa se passará verdadeiramente, como sangue, como vitória e como morte — na imensa paz que o início estende em cada coisa.»
Hervé Juvin
Gilles Lipovetsky, Hervé Juvin, O Ocidente Mundializado, Edições 70.