OS LÁBIOS CERRADOS
Há em Roma, na Sistina,
E com emblemas brilhando,
Um relicário em esmaltina
Cheio de ventas secando.
Ventas de antigos ascetas,
Cónegos do Santo Gral,
Quando as noites eram pretas
E o cantochão sepulcral.
Nessa mística secura,
Pelas manhãs introduzem
Dos Cismas a trampa escura
Que a poeira fina reduzem.
Arthur Rimbaud
(Trad.: Jorge de Sena)