Sócrates fez bluff
— Quando negociou o PEC 4 em Bruxelas, o 1.º ministro assumiu também o compromisso de pedir uma ajuda externa de 80 mil milhões. Sócrates escondeu esse facto, e andou a fazer bluff sobre o empréstimo —
Correios não abdicam de ver a bola
— Finanças ordenaram cortes nas despesas, mas os CTT não rescindiram o aluguer de camarotes no Benfica, FC Porto e Sporting —
Sol (8/4/11)
Sócrates vai fazer do Congresso um comício de três dias
Expresso (9/4/11)
Sócrates fez bluff, escondeu ao país o compromisso que já tinha assumido em Bruxelas, diz o Sol. Alguém ficou/fica admirado com esta notícia? Ninguém.
Este fim-de-semana, se não fosse a crise, teria ido visitar os nuestros hermanos. Sempre passeava e evitava a congestão noticiosa do congresso do PS.
Como não fui, apanhei a congestão do PS, mais a congestão dos comentadores, mais a congestão das bandeiras, dos aplausos, dos discursos, das emoções, das lágrimas, dos abraços, dos regressos, dos perdões, dos «Zé, estou contigo», dos «Esta é a tua hora porque é a hora dos que não têm hora», dos «Quão eu fiquei triste com a irresponsabilidade dos outros», dos «Estais comigo?», dos «Nós não temos culpa nenhuma disto, porque nós nem estamos a governar há seis anos», dos «O que eles querem é poder, mas nós não» e por aí fora...
Como não fui, apanhei a congestão do PS, mais a congestão dos comentadores, mais a congestão das bandeiras, dos aplausos, dos discursos, das emoções, das lágrimas, dos abraços, dos regressos, dos perdões, dos «Zé, estou contigo», dos «Esta é a tua hora porque é a hora dos que não têm hora», dos «Quão eu fiquei triste com a irresponsabilidade dos outros», dos «Estais comigo?», dos «Nós não temos culpa nenhuma disto, porque nós nem estamos a governar há seis anos», dos «O que eles querem é poder, mas nós não» e por aí fora...
Mas desta congestão, de que ainda não me refiz, fiquei a saber uma coisa: o PS já não é um partido político, o PS é um clube de futebol. À semelhança do que acontece nos clubes, o PS pode fazer a maior asneira que se consiga imaginar, pode levar o país à ruína, mas é e será sempre «o maior» para os seus sócios, perdão, militantes. A capacidade crítica não existe neste partido. Lá dentro ninguém sabe o que isso é.
À semelhança do que acontece nos clubes, em que o culpado ou é o árbitro ou a outra equipa, no PS, o culpado também nunca é o próprio: ou é o árbitro, perdão, o presidente da República, ou é a maldade dos outros partidos, ou é a maldade da crise internacional, ou é qualquer outra coisa, mas dele próprio não é.
Ainda à semelhança do que acontece nos clubes, em que o presidente pode comprar árbitros ou insultar quem lhe apetece, que não há problema; no PS, o líder pode aldrabar o país à vontade, pode maltratar o povo sem cerimónia, que também não há problema: presidente é presidente, perdão, líder é líder.
À semelhança do que acontece nos clubes, em que o culpado ou é o árbitro ou a outra equipa, no PS, o culpado também nunca é o próprio: ou é o árbitro, perdão, o presidente da República, ou é a maldade dos outros partidos, ou é a maldade da crise internacional, ou é qualquer outra coisa, mas dele próprio não é.
Ainda à semelhança do que acontece nos clubes, em que o presidente pode comprar árbitros ou insultar quem lhe apetece, que não há problema; no PS, o líder pode aldrabar o país à vontade, pode maltratar o povo sem cerimónia, que também não há problema: presidente é presidente, perdão, líder é líder.
Portanto, FCP, SLB, SCP e restante comandita do futebol, preparem-se, porque já tendes concorrente à altura do vosso «campeonato».
Para terminar esta nota sobre o congresso do Futebol Clube PS, recordo a observação de um comentador da RTPN, no domingo: «Depois de ter ouvido o discurso final de Sócrates fiquei com a ideia de que é Portugal quem ainda vai emprestar dinheiro aos outros.» É certamente a melhor síntese do que se passou, neste fim-de-semana, em Matosinhos.
Entretanto, e por falar em bola, os CTT fazem muitíssimo bem em não prescindir dos camarotes nos estádios dos três grandes. Se há dinheiro bem empregue, em tempo de crise, é em ir ver uns jogos de futebol. É um bem de primeira necessidade. E quem disser o contrário ou é irresponsável, ou é presidente da República, ou é partido da oposição, ou está ao serviço da crise internacional.