«Depois de quatro orçamentos de austeridade, dois cortes sucessivos de 7% nos salários dos funcionários públicos e 20% no dos políticos, redução do salário mínimo (de 8,65 euros/hora para 7,65), cortes em todas as prestações sociais e subida generalizada de impostos (só IRC não subiu) a Irlanda não está melhor. O desemprego chegou aos 14,5%. "O FMI apenas insistiu numa receita que já estava a correr mal. Estamos numa armadilha."»
«A prosperidade desapareceu a uma velocidade que deixa os dublinenses desorientados com os restaurantes e as lojas que fecham de um dia para o outro, os bares que passam a lojas de conveniência, depois de outra coisa qualquer dois meses mais tarde, porque o negócio anterior também já acabou. Nos subúrbios, há condomínios-fantasma onde ninguém vive. No sábado, dia 26, houve um leilão de gruas de construção civil, com os estrangeiros a aproveitarem os preços de saldo. "Os irlandeses tiveram de voltar ao básico", diz John-Mark McCafferty, da Sociedade de São Vicente de Paulo, a maior organização de solidariedade na Irlanda. O básico é comida e aquecimento.»
Reportagem de Maria Henrique Espada, in Sábado (31/3/2011).