segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Notas do fim-de-semana

Escolas: Guerra da avaliação dos professores alastra a 32 concelhos. 
Isabel Alçada sob pressão

Ministros "trabalham" casa vez menos. A produção de decretos caiu a pique
i (18/2/11)
Ministério [da Educação] ameaça demitir directores que travem avaliação
Diário de Notícias (18/2/11)
Presidenciais: Contagem dos votos gera enorme trapalhada
— Setúbal avança com rectificação dos resultados —
— PR esteve em risco de não poder tomar posse —
Sol (18/2/11)
Sócrates jantou com Nobre em casa de Mário Soares...

TC ordena recontagem dos votos em todo o país
Expresso (19/2/11)
PS e PSD chumbam limites às remunerações de gestores públicos
Público (19/2/11)
 
A guerra da avaliação está instalada e o processo avaliativo ainda só está no início. A incompetência do modelo — acordado entre o Governo e a maioria dos sindicatos — começa a fazer-se sentir nas escolas. A incompetência e também a perversidade que este modelo encerra e difunde — professores com vinte, trinta ou mais anos de serviço, são tratados e prestam-se a ser tratados como aprendizes: avaliador e avaliado discutem se é um aluno ou o professor que deve escrever o sumário no quadro, se é ou não correcto um professor encostar-se à secretária enquanto fala, se é aceitável um professor dar aulas de t-shirt, se uma aula em que se desenvolve trabalho de grupo pode ou não pode contar como aula observada e mil e um episódios anedóticos suscitados pela estupidez do modelo e pela mediocridade de certas mentes. Nada disto tem que ver com a melhoria da qualidade do ensino, nada disto tem que ver com um trabalho sério de cooperação entre pares para melhorar a Educação, mas tudo isto tem que ver com irresponsabilidade política e com incompetência técnica de quem engendrou e continua a defender este desdouro nacional.

E quando o bom senso falta e o tresvario domina, o recurso à ameaça é aquilo que resta. E foi isso que aconteceu: o Ministério da Educação (ME) achou por bem ameaçar os directores que travassem o processo de avaliação. Com uma deficiente percepção da realidade, os responsáveis políticos dispararam contra os seus melhores aliados, que são os directores das escolas (exceptuando casos raros e honrosos, aos quais presto tributo). Muitos desses directores, que, antes de tudo o mais, deveriam ser directores pedagógicos, são apenas zelosíssimos administrativos, cuja manutenção no cargo é a sua primeira e última preocupação. O que significa que nunca esteve na sua mente travar fosse o que fosse (uma coisa é, em plenário, votar a solicitação da suspensão da avaliação — fica bem e não compromete — outra coisa muito distinta seria algum deles pensar suspender, na sua escola, o processo em curso). Mas também é preciso dizer que nunca esteve na mente dos professores sugerir, propor ou sequer colocar a hipótese de que a avaliação deveria ser travada pelo acção individual de algum director.
O que esta desajeitada ameaça confirma, uma vez mais, é que o ME tem muito pouca ideia do que se passa nas escolas. E, acima de tudo, revela o sério temor que, neste momento, se instalou na 5 de Outubro.

Por último, e mudando de assunto: é claro que cada um de nós é livre de jantar com quem bem entender — era o que faltava se assim não fosse. Mas julgo não estar enganado se disser que os cerca de seiscentos mil votos que Nobre obteve nas eleições presidenciais não lhe foram atribuídos com o intuito de lhe facilitar o caminho para encontros gastronómicos com Sócrates. 
Pessoalmente não tenho nenhuma boa expectativa relativamente ao que Fernando Nobre venha a fazer futuramente na política, todavia, seria desagradável ver que, ainda mal acabados de contar os votos, o médico da AMI já mimetizava as infelizes pisadas do poeta, seu ex-adversário.