No passado sábado, o jornal i intitulava assim uma notícia de duas páginas: «Professores: Começou a revolta que ainda não faz barulho». É um título feliz e verdadeiro.
Provavelmente, nos últimos seis anos, os professores têm sido a classe profissional mais maltratada pelos governos de Sócrates. Ainda não se sabe exactamente porquê, mas tem sido isso que tem acontecido. Naturalmente que havia e há vários aspectos relacionados com o funcionamento das escolas, com a carreira docente, com o sistema educativo que deviam e devem ser alterados, mas isso é uma constatação tão verdadeira a nível do ensino como é verdadeira relativamente a qualquer outra actividade da nossa sociedade. Contudo, coube aos professores ser o alvo principal de toda a incompetência política e técnica da governação socialista.
Lurdes Rodrigues e a sua equipa de secretários de Estado ficarão, não tenho nenhuma dúvida, no lado mais sombrio da nossa história da Educação. Arrogância patológica, aventureirismo político desmedido e impreparação técnica constituíram os traços principais do mandato daqueles três políticos. Com Isabel Alçada, manteve-se a impreparação técnica, e a arrogância foi substituída pela total ausência de capacidade de decisão política, transformando o ministério da Educação numa subsecretaria de Estado sem qualquer relevância dentro do Governo.
Num contínuo de degradação, os professores estão confrontados com um sistema de avaliação do desempenho completamente incompetente, assente na arbitrariedade e na opacidade; estão confrontados com um modelo de gestão que fomenta a compadrice política, os aconchegos entre amigos, a bajulice e a subserviência; estão confrontados com a iminente ameaça de desemprego em massa — como se vivêssemos num país cujo problema é ter educadores a mais.
O vergonhoso sistema de avaliação docente tem de ser imediatamente interrompido e o despedimento de milhares de professores tem de ser impedido.
Estamos a chegar a um momento de fractura, em que não é possível suportar mais. A revolta já (re)começou. O bruaá está a aumentar. Cresce diariamente. As primeiras concentrações públicas de protesto e indignação já se iniciaram e não vão parar.
A consciência e a responsabilidade profissionais assim o exigem.