quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Não se ouve uma voz, não se lê uma linha

É difícil encontrar situação tão caricata como aquela que os professores estão a viver relativamente à avaliação do seu desempenho. Não se ouve uma voz, não se lê uma linha que defenda e explique publicamente o modelo de avaliação em vigor. Mesmo, nas escolas, os poucos colegas que o defendem, quando confrontados com as inúmeras situações absurdas que ele suscita, não respondem, fogem ao debate sério e não adiantam esclarecimentos que, na sua perspectiva, pudessem contribuir para a resolução dos problemas que todos enfrentam. Deste modo, não só ficamos com os problemas por resolver como ficamos também sem saber por que razão esses raros colegas defendem o modelo. É um enigma que se junta aos vários que o modelo encerra.
Ora, o caricatural da situação reside precisamente nesta circunstância: apesar de não ouvirmos uma única voz nem lermos uma única linha a explicar como é possível concretizar o modelo, ouvimos e lemos que o Ministério da Educação quer que o modelo se concretize. Todavia, quando directamente solicitado, o Ministério da Educação não explica como pode o modelo ser concretizado. Não diz de que modo podem/devem os professores levá-lo à prática.
Se o modelo é bom, se o modelo é justo, se o modelo é credível, onde reside a dificuldade em elucidar os professores acerca da forma de o operacionalizar? Por que razão isso não é feito? Que motivos impedem que isso aconteça?
Há três anos que esta situação se protela, se adia, se mascára. Mas esta situação não pode continuar. Neste momento, nós, professores, estamos objectivamente impossibilitados de concretizar uma coisa que ninguém sabe concretizar. 
E isto tem de ser séria, responsável e definitivamente assumido.