Ontem, em reacção à manifestação dos professores, o primeiro-ministro afirmou que a reforma da Educação foi a reforma mais bem conseguida do seu Governo.
Se assim é, se a reforma da Educação é a reforma mais bem conseguida deste Governo, nós, professores, que sabemos, melhor do que ninguém, em que realmente consistiu esta reforma, e que a classificamos, honestamente, como o pântano da incompetência, da injustiça e da arbitrariedade, podemos imaginar a qualidade das reformas levadas a cabo nas outras áreas da governação.
Se o desastre da Educação foi a reforma mais bem conseguida, que adjectivação será apropriado utilizar para qualificar as outras reformas?
Esta era a realidade mais temida, mas que foi confirmada por Sócrates: se a referência para avaliarmos este Governo é o trabalho realizado pelo Ministério da Educação, estamos, então, sem qualquer dúvida, perante um dos piores governos, depois de Abril de 1974.
Se a reforma da Educação é a reforma mais bem conseguida deste Governo, nós, professores, somos, então, profissionais incompetentes. Nós, professores, que já fizemos três manifestações gigantes e duas greves com uma adesão acima dos 90% contra a reforma mais bem conseguida, não merecemos o Governo que temos nem estamos, como se vê, à altura de tão elevada reforma.
Demita-nos, senhor primeiro-ministro. Demita os 70 mil, os 100 mil, os 120 mil professores que já disseram e continuam a dizer «Não» à sua mais bem conseguida reforma.
Leve a sua reforma até ao fim, faça dela a reforma perfeita: demita-nos.