sábado, 2 de maio de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca do Idealismo Alemão
«Oh, vá lá! Um objecto tem de ser mais do que apenas dados dos sentidos. Mesmo que algures atrás dele.
O filósofo alemão do século XVIII, Immanuel Kant, pensava que sim. Leu os empiristas britânicos e, como ele próprio disse, eles despertaram-no do seu sono dogmático. Kant tinha presumido que as nossas mentes podem dar-nos a certeza de como o mundo é na realidade. Mas os empiristas demonstraram que, como o nosso conhecimento do mundo exterior nos chega através dos sentidos, de certa forma é sempre incerto. Um morango só é vermelho ou doce quando é observado através de um determinado equipamento - os nossos olhos e as nossas pupilas gustativas. Sabemos que algumas pessoas com papilas gustativas diferentes poderão achar qua não são nada doces. Assim, perguntou Kant, o que é um morango "em si mesmo" que o faz parecer vermelho e doce - ou não - quando passa pelo nosso equipamento sensorial?
Kant concluiu que não podemos saber nada sobre as coisas como elas são em si mesmas. Disse que a ding an sich, a coisa-em-si-mesma, é "igual a x". Só podemos conhecer o mundo fenomenal, o mundo das aparências; não podemos saber nada sobre o mundo numenal, atrás das aparências.
Ao dizer isto, Kant estabeleceu o desafio para uma mudança de paradigma na filosofia. A razão não pode falar-nos sobre o mundo para lá dos nossos sentidos. Nem o Deus-como-responsável-pela-introdução-de-dados de Berkeley nem qualquer explicação metafísica do mundo pode ser alcançada através da razão pura. A filosofia nunca mais foi a mesma.
Secretária: Doutor, está um homem invisível na sala de espera.
Médico: Diga-lhe que não posso vê-lo.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...