Acerca do Idealismo Alemão
«Oh, vá lá! Um objecto tem de ser mais do que apenas dados dos sentidos. Mesmo que algures atrás dele.O filósofo alemão do século XVIII, Immanuel Kant, pensava que sim. Leu os empiristas britânicos e, como ele próprio disse, eles despertaram-no do seu sono dogmático. Kant tinha presumido que as nossas mentes podem dar-nos a certeza de como o mundo é na realidade. Mas os empiristas demonstraram que, como o nosso conhecimento do mundo exterior nos chega através dos sentidos, de certa forma é sempre incerto. Um morango só é vermelho ou doce quando é observado através de um determinado equipamento - os nossos olhos e as nossas pupilas gustativas. Sabemos que algumas pessoas com papilas gustativas diferentes poderão achar qua não são nada doces. Assim, perguntou Kant, o que é um morango "em si mesmo" que o faz parecer vermelho e doce - ou não - quando passa pelo nosso equipamento sensorial?
Kant concluiu que não podemos saber nada sobre as coisas como elas são em si mesmas. Disse que a ding an sich, a coisa-em-si-mesma, é "igual a x". Só podemos conhecer o mundo fenomenal, o mundo das aparências; não podemos saber nada sobre o mundo numenal, atrás das aparências.
Ao dizer isto, Kant estabeleceu o desafio para uma mudança de paradigma na filosofia. A razão não pode falar-nos sobre o mundo para lá dos nossos sentidos. Nem o Deus-como-responsável-pela-introdução-de-dados de Berkeley nem qualquer explicação metafísica do mundo pode ser alcançada através da razão pura. A filosofia nunca mais foi a mesma.
Secretária: Doutor, está um homem invisível na sala de espera.
Médico: Diga-lhe que não posso vê-lo.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...