Por estes dias, as nossas principais cidades enchem-se do vergonhoso espectáculo das praxes, ditas, académicas. Alunos de capa e batina - ou pior, como é o caso das novas universidades regionais ou privadas, que tiveram de inventar traje que lhes dê um passado ou tradição que não têm - impõem tratos de polé aos «caloiros» e estes aceitam as maiores humilhações na certeza de que, para o ano, vingar-se-ão noutros desgraçados. Pintados, sujos, reduzidos à dimensão de «coisa», alvos de chantagem soez (ou alinhas, ou não és dos nossos; se não alinhas não terás amigos e a tua vida vai ser um inferno). As autoridades académicas nada fazem ou dizem. Instituições que deviam assentar no primado da decência e da inteligência são, por acção ou omissão, coniventes com os comportamentos rascas das futuras elites do país.
Hoje, na Rua Augusta, vi um bando de alunos de Farmácia, que gritava alarvemente e obrigava os «caloiros» a ajoelharem e a dizerem um conjunto de parvoíces. Ninguém se revoltava. O restante povo sorria e apreciava. É triste!
Pedro Valadares