Poema
Paisagem destruída, com
latas de conserva, as entradas das casas
vazias, o que há lá dentro? Aqui cheguei
à tarde, de comboio,
duas panelas atadas
ao saco de viagem. Agora deixei
para trás os sonhos que sopram
numa encruzilhada. E pó,
pavana fragmentada, néon
morto, jornais e carris,
este dia, que me resta agora,
um dia mais velho, mais afundado e morto?
Quem é que disse que a isto
se chama vida? Eu retiro-me
para outros tons de Azul.
Rolf Dieter Brinkmann
(Trad.: João Barrento)