quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sócrates o eterno inocente

Sócrates garantiu, há dias, na entrevista a Sousa Tavares, que o apoio público de Luís Figo ao PS e a ele próprio, enquanto primeiro-ministro, na altura das últimas eleições legislativas, tinha sido livre, espontâneo e generoso. E que ele, Sócrates, nem conhecimento tinha tido da existência de qualquer contrato celebrado com o jogador e a Taguspark, e que considerava uma calúnia colocar-se sequer a hipótese desse contrato ter alguma ligação com os elogios e o apoio manifestado por Figo ao Governo.
O problema é sempre o mesmo, Sócrates nunca sabe de nada e tudo o que as investigações descobrem é uma calúnia. Mas hoje veio a saber-se, através da investigação feita pelo Ministério Público, que o texto da entrevista que Figo deu ao Diário Económico, onde prestou o primeiro elogio público ao Governo (Agosto de 2009), foi enviada electronicamente a Rui Pedro Soares, administrador da Taguspark, nomeado pelo PS, e responsável pelo contrato celebrado com o atleta, por um representante do jogador, antes da entrevista sair. Assim como já se sabe que, para além deste administrador, mais dois responsáveis foram formalmente acusados de corrupção, devido ao seu envolvimento neste processo. Isto é, há três indivíduos que estão acusados de corrupção, por terem negociado um contrato de 750 mil euros com o futebolista em troca do seu apoio público (e bem publicitado) ao PS, e tudo não passa de uma calúnia, segundo o primeiro-ministro.
Mas nada disto espanta, porque Sócrates continua igual a si próprio, sempre inocente, sempre vítima, sempre ignorante de tudo o que de estranho e de ilegal se passa à sua volta, e Luís Figo também se mantém igual a si próprio, desde o tempo em que foi apelidado pelos catalães de «peseteiro». Afinal o que mudou mesmo foi apenas o nome da moeda.