(conclusão do texto «Fanatismo educativo (1)»)
As afirmações de Eric Hanushek sobre alguns dos principais problemas educativos resvalam frequentemente para a zona da falta de credibilidade.
As afirmações de Eric Hanushek sobre alguns dos principais problemas educativos resvalam frequentemente para a zona da falta de credibilidade.
Na entrevista que deu ao Público, perguntado se considerava que o nosso país estava a gastar demasiado dinheiro com a educação, respondeu:
«A questão não é se estão a gastar demasiado, mas se os resultados não deveriam ser melhores. Outros países da OCDE que gastam o mesmo que Portugal têm melhores resultados. Portanto, é muito importante para o país melhorar o seu desempenho escolar.»
A leitura desta resposta não proporciona conhecimento novo nem elucida sobre nada. Evidentemente que os resultados poderiam ser melhores — teoricamente é sempre possível fazer melhor e a procura da permanente melhoria é praticamente um dever moral, em qualquer actividade. O que já não é evidente é a comparação que Hanushek faz entre os resultados dos gastos na educação de outros países da OCDE e os gastos de Portugal.
Em primeiro lugar, é preciso saber quais são esses países e aquilo que a história comparada desses países com o nosso nos indica. Apenas assim poderemos avaliar se é ou não pertinente a comparação dos gastos. Em segundo lugar, é necessário determinar o que significa «melhores resultados». Melhores resultados de que ponto de vista: do abandono escolar? Do número de aprovações? Dos resultados quantitativos dos exames nacionais? Dos resultados em testes internacionais? Da qualidade das aprendizagens, tendo em conta a situação real de partida dos alunos ou sem ter em conta a sua situação real de partida?
Hanushek fala de quê, precisamente?
Em primeiro lugar, é preciso saber quais são esses países e aquilo que a história comparada desses países com o nosso nos indica. Apenas assim poderemos avaliar se é ou não pertinente a comparação dos gastos. Em segundo lugar, é necessário determinar o que significa «melhores resultados». Melhores resultados de que ponto de vista: do abandono escolar? Do número de aprovações? Dos resultados quantitativos dos exames nacionais? Dos resultados em testes internacionais? Da qualidade das aprendizagens, tendo em conta a situação real de partida dos alunos ou sem ter em conta a sua situação real de partida?
Hanushek fala de quê, precisamente?
É difícil compreender como é que um investigador consegue fazer sucessivas afirmações cuja fragilidade científica é confrangedora. Concluir, como ele conclui, que temos de melhorar o desempenho escolar, sem esclarecer do que é que está a falar, faz-nos lembrar afirmações levianas, típicas de políticos irresponsáveis, mas pouco típicas de alguém que se apresenta como investigador.
Todavia, é à luz do estatuto de investigador científico que Eric Hanushek viaja pelo mundo e difunde ideias que, sendo crenças suas, são apresentadas como resultados de investigação científica.
Ao defender como defende o aumento do número de alunos por turma, o pagamento do salário dos professores em função dos resultados dos alunos, o direito dos directores decidirem sobre os professores que entram e saem das escolas, a competitividade entre escolas e outras ideias de natureza idêntica, Hanushek revela uma fanática concepção mercantilista da educação, que ele procura travestir de conhecimento científico.
Todavia, é à luz do estatuto de investigador científico que Eric Hanushek viaja pelo mundo e difunde ideias que, sendo crenças suas, são apresentadas como resultados de investigação científica.
Ao defender como defende o aumento do número de alunos por turma, o pagamento do salário dos professores em função dos resultados dos alunos, o direito dos directores decidirem sobre os professores que entram e saem das escolas, a competitividade entre escolas e outras ideias de natureza idêntica, Hanushek revela uma fanática concepção mercantilista da educação, que ele procura travestir de conhecimento científico.