Excertos do livro, recém-editado,
Da Corrupção à Crise - Que Fazer?, de Paulo Morais:
«A corrupção não é um problema novo em Portugal. Já nos primórdios deste regime, em 1974, os seus fundadores, os Capitães de Abril, se preocupavam com o fenómeno. A ponto de o Programa do movimento das Forças Armadas referir, como um dos objectivos de concretização imediata pelo novo regime, o "combate eficaz à corrupção e à especulação". Passados todos estes anos, a decepção é total nesta matéria. Não só não houve combate eficaz à corrupção, como, pelo contrário, o sistema político a incentiva e premeia.
Os números da corrupção são arrasadores para Portugal. Em finais de 2012, ocupávamos um modestíssimo 33.º lugar do ranking da transparência que elenca os países em função da sua capacidade de se libertarem do fenómeno da corrupção. Em termos europeus, só surgem atrás de nós a Itália, a Grécia, com uma administração pública desestruturada, e alguns países de leste.
Mas o problema maior nesta análise é a tendência: Portugal desceu, no ranking, do 23.º lugar em 2000, para o 32.º em 2010. Uma década negra em termos de diminuição de transparência da Administração e da política. Portugal obteve, nesta década, o vergonhoso título de campeão do aumento da corrupção»
Paulo Morais, Da Corrupção à Crise - Que Fazer?, Gradiva.