Causar medo a uma criança para levá-la a comportar-se correctamente — ou o que se entende ser correctamente — é uma péssima estratégia educativa. Aliás, não é sequer uma estratégia educativa, é uma estratégia, mas não é educativa. Com essa forma de actuar, preserva-se a lei do mais forte sobre o mais fraco, preserva-se a prática de que o fim justifica os meios, alcança-se o objectivo imediato, mas não se educa nem se respeita a criança. Sobre isto estaremos todos mais ou menos de acordo. Como provavelmente estaremos de acordo se se disser que qualquer relacionamento entre pessoas adultas fundado no exercício do medo ou da ameaça é um relacionamento inadmissível. E certamente que ainda estaremos de acordo se estendermos esta rejeição à relação entre grupos de indivíduos também assente no temor e na intimidação.
Contudo, o que todos rejeitam a nível das relações privadas parece já não ser por todos rejeitado no que diz respeito à relação entre Estados. O que não deixa de ser curioso, porque, ao admitirmos que na relação entre Estados o medo ou a ameaça podem ser utilizados, estamos a aceitar que a nível da relação entre quem representa grandes grupos de pessoas (povos) se pratique aquilo que entre pequenos grupos e entre indivíduos consideramos inaceitável.
Ora, é isto que vergonhosamente está a acontecer na relação entre alguns Estados-membros da União Europeia e a Grécia, entre responsáveis políticos de alguns Estados e de algumas instituições europeias e o Estado/povo grego. As ameaças que têm sido dirigidas aos gregos, por parte de Merkel, por parte do seu ministro das Finanças, por parte de Durão Barroso e de outros dirigentes, são um comportamento que repugna e indigna. Através da chantagem, da ameaça e da propagação do medo, procuram condicionar a liberdade de voto dos eleitores gregos, nas próximas eleições. O protagonismo deste terrorismo psicológico é compartilhado também por vários órgãos de comunicação social de diferentes países. Sem independência, cativos dos interesses financeiros dos seus proprietários, jornais e televisões privadas abdicam das suas responsabilidades editoriais para, sem pudor, tentarem influenciar as decisões do povo grego. O poderoso mundo financeiro socorre-se de todos os meios para impedir que a liberdade se exerça.
Ver a Grécia como uma criança que pode e deve ser amedrontada é revelador da qualidade das elites que presentemente dominam muitos países da União Europeia.
Ora, é isto que vergonhosamente está a acontecer na relação entre alguns Estados-membros da União Europeia e a Grécia, entre responsáveis políticos de alguns Estados e de algumas instituições europeias e o Estado/povo grego. As ameaças que têm sido dirigidas aos gregos, por parte de Merkel, por parte do seu ministro das Finanças, por parte de Durão Barroso e de outros dirigentes, são um comportamento que repugna e indigna. Através da chantagem, da ameaça e da propagação do medo, procuram condicionar a liberdade de voto dos eleitores gregos, nas próximas eleições. O protagonismo deste terrorismo psicológico é compartilhado também por vários órgãos de comunicação social de diferentes países. Sem independência, cativos dos interesses financeiros dos seus proprietários, jornais e televisões privadas abdicam das suas responsabilidades editoriais para, sem pudor, tentarem influenciar as decisões do povo grego. O poderoso mundo financeiro socorre-se de todos os meios para impedir que a liberdade se exerça.
Ver a Grécia como uma criança que pode e deve ser amedrontada é revelador da qualidade das elites que presentemente dominam muitos países da União Europeia.