quarta-feira, 30 de maio de 2012

Às quartas

VALA COMUM

Peço um poema à noite, um documento
Que me defenda de ser acusado
De ladrão de mistérios e comparsa
Dos crimes que se dão durante o sono.
Meia dúzia de versos de amargura,
Que digam que fiquei na minha lura
No mais lúcido e mísero abandono.

Mas rompe a madrugada da semente,
Abre o dia,
E eu condenado como toda a gente!
Mostrei o atestado, e não servia...

Miguel Torga