segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sobreviver a Rodrigues, Alçada e Crato

Sobreviver a Rodrigues, Alçada e Crato é uma tarefa quase impossível. A Educação, nos últimos oito anos, foi, e continua a ser, objecto da conjugação do pior que seria possível conjugar. 
Ainda hoje é um mistério a razão que conduziu Rodrigues à pasta da Educação. Sem experiência política, sem currículo na área, sem perfil pessoal, o que esteve na base do convite que lhe foi dirigido? A razão não é conhecida, mas as consequências do seu exercício no cargo são desgraçadamente bem conhecidas.
Rodrigues conjugou incompetência, aventureirismo e irresponsabilidade. O rancor, de origem oculta, que sentia pelos professores, mais a profunda ignorância sobre a realidade educativa, mais a desequilibrada personalidade, mais o amontoado de pressupostos ideológicos primários que lhe preenchiam a mente resultaram em quatro anos de destruição do que ainda de positivo restava nas nossas escolas. Rodrigues foi quem pior tratou a Educação, desde o 25 de Abril.
Alçada partilhou com Rodrigues a impreparação para as funções e trouxe como novidade o patusco de querer substituir as ideias políticas por sorrisos. Politicamente foi um epifenómeno que infelizmente a nossa história não poderá esquecer, porque ela quis ser a continuidade de um desastre educativo.
Crato, antes de assumir as funções de ministro, vivia do brilho mediático. E como é costume nestas situações, quando as luzes do estrelato se apagam e nos confrontamos com a realidade que a luz do dia nos revela, normalmente não gostamos do que se vê. A impressionante desorientação que actualmente reina no ministério da Educação não surpreende, é o resultado normal de um pensamento educativo composto por meia dúzia de ideias de um senso comum não muito ilustrado.
O mais recente exemplo da anarquia que se vive neste ministério faz com que, neste momento, nas escolas com ensino nocturno haja professores a ter de abandonar as turmas que leccionavam à noite para irem leccionar os horários do ensino diurno pertencentes a professores que se encontram de atestado médico. Isto sucede porque Nuno Crato, apesar de ter dado indicações, por escrito, para serem abertas novas turmas dos cursos EFA, (desde que não fosse necessário contratar recursos humanos exteriores à escola) agora mandou encerrá-las. E de um dia para o outro a barafunda instalou-se nestas escolas. Mais uma vez, Crato revela não saber o que faz, e revela mais uma vez também que não tem respeito algum pelos alunos, que já haviam pago as suas matrículas, e pelos professores que já leccionavam as suas turmas. Mas isto é somente mais um exemplo.
O que na realidade importa é mesmo saber como é que, no nosso país, a Educação vai conseguir sobreviver a Rodrigues, a Alçada e a Crato.