quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O verdadeiro projecto para o país

Eu ando preocupado com o país e por isso sempre que o destino me proporciona a leitura de um artigo de jornal assinado por alguém que se denomina de Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade tudo com letra maiúscula eu não perco a oportunidade e posso não fazer mais nada durante o dia mas o artigo escrito pelo especialista eu tenho de o ler dê por onde der ainda para mais se o artigo tem como título Uma Nação Star Up e se logo para começo de conversa nos anuncia que é o nome de um projecto que vai ser lançado no nosso país e que uma nação start up é um grande desafio para Portugal porque o projecto consiste numa «verdadeira dimensão colaborativa de mobilização dos "actores da mudança"» dito assim com ênfase e panache e quem são pergunta o leitor esses "actores da mudança" na opinião do Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade e eu respondo porque o Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade foi muito claro neste ponto não foi claro em mais nenhum ponto mas neste ponto foi claro e então para ele os actores da mudança são precisamente e pela ordem que se segue os empresários os académicos e os empreendedores sem tirar nem pôr são estes e mais nenhuns é claro que isto me deixou a pensar como é que esta meia dúzia de tipos pode fazer a mudança se não incluir os trabalhadores que são aqueles que dão o corpo ao manifesto e que manifestamente são aqueles que ganham menos e pagam mais contudo isto é um problema que não interessa nada ao Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade mas isto foi só o começo do artigo as primeiras quatro linhas porque as restantes linhas é que explicam bem em que consiste o projecto start up o projecto que vai salvar Portugal e então uma pessoa fica a saber que esse projecto vai ter «efeitos de alavancagem na percepção da necessidade de reinventar a economia» que também vai «consolidar uma ideia de marca» que ainda vai «protagonizar novas soluções com novas respostas» que tem um «novo paradigma de desenvolvimento» que aposta numa «agenda de mudança» que está «centrado em novas ideias e novas soluções» e pergunta-me o leitor mas concretamente em que é que consistem essas novas ideias e essa nova agenda e essa alavancagem e por aí fora e eu respondo um momento que ainda estamos a meio do artigo e o Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade ainda não acabou de falar portanto retomando o que estava a dizer segundo o Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade nós temos de perceber que a «aposta nos factores dinâmicos de competitividade, numa lógica territorialmente equilibrada e com opções estratégicas claramente assumidas» é aquilo que constitui um «contributo central para a correcção das graves assimetrias sociais e regionais que se têm acentuado» é por isso que se torna óbvio ser necessário originar «um choque operacional capaz de produzir efeitos sistémicos ao nível do funcionamento das organizações empresariais» ora só assim se compreende que o «novo paradigma» radique «na capacidade de os resultados potenciados pela inovação e conhecimento serem capazes de induzir novas formas de integração social e territorial capazes [sic] de sustentar um equilíbrio global do sistema nacional» e isto é tanto mais evidente quanto é sobre este «desígnio que o start up Portugal se propõe estabelecer um novo contrato de confiança, dinamizar um novo projecto, promover uma nova marca» depois ler isto e felizmente que o destino me proporcionou o encontro com este Especialista em Estratégia Inovação e Competitividade de nome Jaime Quesado e que escreveu este artigo no Diário Económico no dia dezasseis de Novembro de dois mil e onze deixei de estar preocupado com o país porque não há nada como deixar o nosso futuro nas mão destes especialistas.

Zé Portugal