quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Às quartas


... Como nos cães,
tocados por seu dono,
vagueia todo o amigo na terra,
assim quisera eu minha palavra:
simples,
tímida nas pupilas,
com sílabas errantes de menino.

    Improvisar o mundo,
e todo o diáfano do mundo,
com a data encontrada no orvalho
e com o sopro tépido da mão...

    Pois o que vale é o real
escrito com a exaltação do real,
e com o sedimento aéreo
do coração que pulsa chamado por seu dono,
leve,
muito levemente
oh, poema.

Leopoldo Panero
(Trad.: José Bento)