1. Mário Nogueira anunciou que, em Janeiro, vai entregar nos tribunais seis providências cautelares, para suspender a redução salarial.
A Fenprof está a especializar-se em entregadora de providências cautelares. Providências cautelares que sabe, à partida, estarem destinadas a dar em coisa nenhuma. A lei permite que o Governo, facilmente, ultrapasse grande parte dessas providências. Mário Nogueira sabe disso, a Fenprof sabe disso, mas fazem de conta que não sabem. Acham que marcam um ponto com mais um fogacho televisivo, com mais um ritual cumprido. O Governo sorri da iniciativa, Mário Nogueira sorrirá para as câmaras e teremos mais um episódio sindical passado e as consciências aliviadas.
Entretanto, está a decorrer um vergonhoso processo de avaliação dos professores, ao mesmo tempo que se desenvolvem múltiplas situações, e já se anunciam outras, fortemente lesivas da qualidade da Educação e lesivas das condições de exercício da docência. Tudo isto está a decorrer, desde Setembro, mas contestação a sério e oposição determinada não fazem parte da agenda sindical.
2. Mário Nogueira anunciou também que está a estudar a hipótese de serem realizadas greves durante o período de correcção de exames. Informou igualmente que irá promover uma «grande iniciativa nacional», de rua, no final de Março, com professores, alunos, pais e autarquias, em defesa de uma Escola Pública de qualidade. Ficamos todos muito mais descansados ao sabermos destas iniciativas: uma no fim de Março e outra no fim de Junho.
Em Março, um desfile, provavelmente, pela Escola Pública. Unanimidade assegurada, mais um momento televisivo, e que mais? O que haverá antes e imediatamente depois disso?
No fim de Junho, isto é, após a conclusão do ano lectivo, se a Fenprof decidir, repito, se a Fenprof decidir avançar com a greve (no que eu não acredito), que pretende alcançar exactamente? Que seja revogado o despacho que determinou o não pagamento da correcção das provas de exame? É apenas esse o objectivo?
Entretanto, até Março, até Junho, desde Setembro, que está a decorrer um escandaloso processo de avaliação dos professores, ao mesmo tempo que se desenvolvem múltiplas situações, e outras vêm a caminho, fortemente lesivas da qualidade da Educação e lesivas das condições de exercício da docência. Tudo isto está a decorrer, desde Setembro, mas contestação a sério e oposição determinada não fazem parte da agenda sindical.
3. Foi hoje tornado público (aqui e aqui) que um conhecido dirigente do SPGL e da Fenprof deixou o sindicato para ir trabalhar para o Ministério da Educação, ocupando um alto cargo. Não é o primeiro e, certamente, não será o último.
A confirmar-se, e como se vê, os comportamentos politicamente obscenos não são um exclusivo dos governantes.