«Portugal parece a pátria dos amores tristes e dos grandes naufrágios.
[...]
Mais ainda talvez do que em nós, espanhóis, encontra-se nos portugueses o culto da dor. E esse culto não assume neles um certo carácter de ferocidade bravia que teve entre nós.
[...]
Dizia-me uma vez Guerra Junqueiro que o espanhol mais crente e mais piedoso já deixou escapar da boca, em algum momento de grande contrariedade e apuro, uma blasfémia, um estou-me nas tintas para Deus, por exemplo — ou outra frase pior — enquanto que o português mais crédulo e mais ímpio suspiraria em circunstâncias parecidas um valha-me Nossa Senhora!»
In Miguel de Unamuno, Portugal — Povo de Suicidas.
É este espiritozinho, entre outras coisas, que faz com que nunca levemos nada até ao fim. Parece que o «bravio», de que fala Unamuno, é coisa que por aqui não pega, somos mais do género: «somos um país pequeno»; «pois, não era possível mais»; «perdemos, mas ganhámos moralmente».
É assim no futebol. É assim na política. É assim no sindicalismo.
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Mais ainda talvez do que em nós, espanhóis, encontra-se nos portugueses o culto da dor. E esse culto não assume neles um certo carácter de ferocidade bravia que teve entre nós.
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Dizia-me uma vez Guerra Junqueiro que o espanhol mais crente e mais piedoso já deixou escapar da boca, em algum momento de grande contrariedade e apuro, uma blasfémia, um estou-me nas tintas para Deus, por exemplo — ou outra frase pior — enquanto que o português mais crédulo e mais ímpio suspiraria em circunstâncias parecidas um valha-me Nossa Senhora!»
In Miguel de Unamuno, Portugal — Povo de Suicidas.
É este espiritozinho, entre outras coisas, que faz com que nunca levemos nada até ao fim. Parece que o «bravio», de que fala Unamuno, é coisa que por aqui não pega, somos mais do género: «somos um país pequeno»; «pois, não era possível mais»; «perdemos, mas ganhámos moralmente».
É assim no futebol. É assim na política. É assim no sindicalismo.