sexta-feira, 17 de abril de 2009

Governo acaba com as quotas para titular se...

Retirado do sítio do Público (16/04/09):
«O Governo admite prescindir do número limitado de vagas para acesso à categoria de professor titular se os sindicatos puserem fim ao clima de contestação dos últimos tempos, disse hoje o secretário de Estado Jorge Pedreira.»

Assim se faz política em Portugal. Aquilo que era absolutamente verdade, aquilo que era absolutamente imprescindível, aquilo que era absolutamente inquestionável, aquilo que era absolutamente impensável - todos nos lembramos das afirmações peremptórias da ministra da Educação: «obviamente nem todos podem chegar a generais» e «isso de não haver quotas para atingir o topo da carreira não existe em lado nenhum» e «isso é inaceitável» - de repente, já é pensável, já é aceitável, já é proposto. Mas é pensável, aceitável e será uma proposta efectiva se os sindicatos, em troca, se comprometerem a não contestar o Ministério. Eleições à porta desaconselham agitação, desaconselham manifestações de protesto, desaconselham greves, portanto, já se pode mandar às malvas aquilo que até há pouco tempo era apresentado como imperativo. Vende-se, com a maior desfaçatez, aquilo que era tido como um princípio indiscutível, para se tentar ganhar eleições. «Os fins justificam os meios» e «o que hoje é verdade amanhã é mentira» são as palavras de ordem do Governo.
É esta a seriedade política da ministra da Educação. É esta a seriedade política do primeiro-ministro. Não se muda de posição porque se reconhece um erro ou porque se evolui para uma posição que se considera melhor. Não é nenhuma destas razões que explica a radical mudança do Ministério. O que está na base desta alteração de comportamento é mercantilismo puro: é toma lá, dá cá; é troca por troca. Se a oferta for boa, os ditos inabaláveis princípios vendem-se, se a oferta for boa o inegociável já se negoceia. É o valor venal da coisa que interessa, é o preço a comandar a política. Nada mais conta.
Política desta repugna, políticos destes envergonham.