sábado, 18 de abril de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca do Método Científico - 2 (conclusão)
«O triunfo do empirismo na epistemologia ocidental reflecte-se no facto de presumirmos automaticamente que é o método de verificação que todas as pessoas usam:
Três mulheres estão num balneário a equipar-se para jogar ténis quando um homem entra a correr todo nu, apenas com um saco na cabeça.
A primeira mulher olha para o pénis do homem e diz:
- Bem, não é o meu marido.
A segunda mulher diz:
- Pois não.
A terceira diz:
- Nem sequer é membro deste clube.
No entanto, apesar do triunfo do empirismo e da ciência, muitas pessoas continuam a interpretar alguns acontecimentos invulgares como milagrosos e não como o resultado de causas naturais. David Hume, o empirista céptico britânico, declarou que a única base racional para acreditar que alguma coisa é um milagre é se todas as explicações alternativas forem ainda mais improváveis.
Digamos que um homem insiste que tem uma palmeira num vaso que canta árias da Aida. O que é mais improvável: que a palmeira no vaso violou as leis da natureza ou que o homem é doido, ou está a mentir ou a alucinar [...]?
Como as probabilidades de o homem ter sido enganado ou ter esticado a verdade são sempre maiores do que as probabilidades de uma violação das leis da natureza, Hume não conseguiu prever uma circunstância em que fosse racional concluir que tinha acontecido um milagre.
Curiosamente, na história seguinte, Bill, um aparente estudioso de Hume, põe à prova um suposto milagre, mas acaba por chegar à conclusão de que a explicação alternativa é ainda mais improvável:
Um dia, Bill queixou-se ao amigo de que lhe doía imenso o cotovelo. O amigo sugeriu-lhe que fosse visitar um swami que vivia numa gruta ali perto.
- Deixa simplesmente uma amostra de urina do lado de fora da gruta e ele medita nela, diagnostica milagrosamente o teu problema e diz-te o que poderás fazer para resolvê-lo. Custa apenas dez dólares.
Bil pensou que tinha pouco a perder, por isso encheu um frasco com urina e deixou-o do lado de fora da gruta com uma nota de dez dólares. No dia seguinte, quando regressou, havia um bilhete à sua espera que dizia: "Tens uma cãibra no cotovelo devido ao ténis. Mergulha o braço em água morna. Evita levantar pesos. Vais melhorar dentro de duas semanas."
Mais tarde nessa noite, Bill começou a pensar que o "milagre" do swami era uma encenação preparada pelo amigo, que podia ter escrito o bilhete e tê-lo deixado do lado de fora da gruta. Assim, Bill decidiu vingar-se do amigo. Juntou um pouco de água da torneira, fezes do cão e amostras de urina da mulher e do filho. Para rematar, incluiu outro fluido corporal seu e deixou a mistura do lado de fora da gruta juntamente com uma nota de dez dólares. Em seguida, ligou para o amigo e disse-lhe que estava com alguns problemas de saúde e que tinha deixado outra amostra para o swami.
No dia seguinte, voltou à gruta e encontrou outro bilhete que dizia: "A tua água canalizada é muito calcária. Arranja um amaciador para a água. O teu cão tem lombrigas. Dá-lhe vitaminas. O teu filho está viciado em cocaína. Interna-o num centro de desintoxicação. A tua mulher está grávida de duas meninas gémeas. Não são tuas. Arranja um advogado. E se não parares de te masturbar, a cãibra do cotovelo nunca mais melhorará."»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...