sábado, 4 de abril de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca do Empirismo

Segundo o empirista irlandês do século XVII, Bishop George Berkeley, "Esse est percipi" ("Ser é ser percebido"), que equivale a dizer que o pseudomundo objectivo está todo na mente. Berkeley argumentou que o nosso único conhecimento deste mundo é o que nos chega através dos sentidos. (Os filósofos chamam a esta informação "dados dos sentidos"). Berkeley afirmou que, para além desses dados dos sentidos, não é possível deduzir mais nada, como a existência de substâncias externas a enviar vibrações que estimulam os nossos sentidos. Mas o bom Bishop foi mais longe e sugeriu que os dados dos sentidos têm de vir de algum lado, por isso esse algum lado tem de ser Deus. Basicamente, a ideia de Berkeley é que Deus está no alto a inserir dados numa Internet cósmica na qual estamos todos sintonizados 24/7. (E nós que sempre pensámos que Deus só trabalhava 24/6!)
[...]
As coisas tornam-se mais complicadas quando a fonte dos nossos dados dos sentidos é outro ser humano:
Um homem está preocupado porque pensa que a mulher está a ficar surda, por isso vai ao médico. O médico sugere-lhe que experimente um simples teste em casa: parar atrás dela e fazer-lhe uma pergunta, primeiro a seis metros, depois a três metros e, por fim, mesmo atrás dela.
O homem vai para casa e vê a mulher na cozinha, virada para o fogão. Da porta, pergunta:
- Que vamos jantar esta noite?
Nenhuma resposta.
Três metros atrás dela, repete:
- Que vamos jantar esta noite?
Continua sem resposta.
Por fim, mesmo atrás dela, pergunta:
- Que vamos jantar esta noite?
A mulher volta-se e diz:
- Pela terceira vez... frango!
Não há dúvida de que este casal tem um sério problema de interpretação de dados dos sentidos.
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...