quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Maioria absoluta?

Os órgãos de comunicação social têm, nos últimos dias, feito eco de sondagens que indicam uma vitória clara do PS, no próximo domingo. A partir daqui, já há até quem comece a falar na possibilidade de nova maioria absoluta.
Três breves comentários:

1.
As empresas de sondagens, se tivessem mais probidade no trabalho que realizam, deveriam, quando anunciam os resultados dos inquéritos que fazem, anexar de modo visível um aviso — do género do que é feito nos maços de tabaco — que dissesse uma coisa semelhante a esta: «Não confie nas sondagens. As sondagens podem enganá-lo, como o enganaram, redondamente, nas eleições europeias.»

2.
Ao mesmo tempo que anunciam que o partido de Sócrates tem cerca de 40% de intenções de voto, essas sondagens dizem existir mais de 30% de eleitores indecisos. Com um nível assim de indecisão, não se entende como há alguém que possa aventurar-se a dizer que o partido A ou B tem esta ou aquela percentagem. Eventualmente teria, se aqueles 30% decidissem não votar em ninguém. Ora, isso ninguém sabe. Portanto, mais recato e contenção seriam aconselháveis, significaria mais seriedade e menos manipulação.

3.
Mas se o absurdo acontecer (absurdo para mim, naturalmente, e para todos aqueles que se recusam a votar neste PS, no PS de Sócrates), isto é, se os portugueses renovarem a maioria absoluta existente, confesso que só não farei as malas e não emigrarei para bem longe porque não tenho essa possibilidade.
Se a tivesse, fá-lo-ia de imediato, e com dois proveitos óbvios:
— a minha saúde mental e emocional seria preservada — durante os próximos quatro anos deixaria de ver e ouvir noticiários e de ler jornais portugueses, viveria na absoluta ignorância política; falaria apenas, por telefone, com familiares e amigos que cá ficassem, ainda que com a condição de não pronunciarem palavras começadas por S, e não viria cá passar férias; o meu cérebro e o meu coração, durante o período da nova legislatura, ficariam, assim, a salvo das bárbaras agressões que nos último quatro anos diariamente sofreram;
— o segundo proveito seria que, emigrando, eu poderia dar um contributo para que Sócrates ficasse a governar apenas para aqueles que gostam mesmo dele, que o apreciam mesmo e nele votam. Aliás, a concretizar-se uma maciça emigração de móbil semelhante ao meu, alcançaríamos um cenário certamente perfeito e justo: Sócrates deixaria de ter a oposição a aborrecê-lo, a incomodá-lo, a importuná-lo, deixaria de ter campanhas negras, ou de outra cor; e aqueles que gostam do PS, que votam PS, que dão tudo pelo PS, ficariam com Sócrates todinho para eles.
Todinho. E só para eles...