quinta-feira, 11 de julho de 2013

Política e emocionalmente desequilibrados

Não tem sido fácil ser português, pelo menos, na última década. Para desgraça colectiva, as nossas vidas têm sido entregues, através do voto, a um conjunto de eleitos política e emocionalmente desequilibrados. Barroso, Sócrates, Passos, Portas e Cavaco são exemplos óbvios desta circunstância. Cada um a seu modo revelou e continua a revelar profundos desequilíbrios políticos e emocionais.
Agora, depois dos recentes comportamentos política e emocionalmente desequilibrados de Passos e de Portas, foi a vez de Cavaco confirmar, no discurso que ontem proferiu, que o desequilíbrio é uma das características mais bem distribuídas entre os protagonistas do nosso poder político.
Em quinze minutos, Cavaco Silva:
a) anunciou que é contra eleições antecipadas, e anunciou que quer eleições antecipadas daqui a um ano;
b) por omissão, fez saber que vetou o acordo governativo celebrado há dias entre o PSD e o CDS, mas não retirou daí a consequência óbvia: proceder à dissolução da Assembleia da República e à convocação de eleições;
c) considerou que este governo está no uso pleno das suas funções, quando ninguém quer que este governo continue, nem os próprios que o constituem: um deles disse que saía irrevogavelmente e o outro propôs fazer uma enorme remodelação — Cavaco é o único que acha que este governo tem condições para continuar;
d) defendeu um acordo tripartido, quando sabe que nenhuma das partes está interessada nem vai fazer esse acordo;
e) reconheceu que o acordo que propõem era politicamente difícil de alcançar, mas que era tecnicamente fácil de se concretizar...
Nada disto é normal. Nada disto é compreensível. Tudo isto é desequilibrado.
Politicamente, o discurso de Cavaco é um desastre, não resolve nenhum dos sérios problemas existentes e agudiza todos. Para além disso, pelas exigências que faz aos partidos, pisa o risco que separa um regime democrático de um regime não democrático. Emocionalmente, o discurso de Cavaco é a concretização de uma represália pessoal aos recentes (e talvez também aos antigos) comportamentos de Portas e de Passos.
Ora nada disto é aceitável. Nada disto é tolerável. Um país não pode ser governado por gente política e emocionalmente desequilibrada.
Estamos perante um problema grave, e nós, portugueses, vamos acabar por ter mesmo de o enfrentar e de o resolver.