quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Degradação

Nos últimos anos, a qualidade da vida política portuguesa tem-se degradado de forma impressionante.
Sócrates inaugurou um estilo de discurso e de conduta política que rapidamente baixou o nível do debate de ideias e da argumentação. Juntando a arrogância à insolência, a insolência à insinuação e a insinuação à mentira, Sócrates não apenas transformou a discussão política numa espécie de peixaria à moda antiga como levou a descredibilização da política a patamares a que nunca se tinha chegado.
Agora, Passos Coelho conseguiu o que se julgava impossível: baixar ainda mais o crédito dos políticos e elevar a mentira a principal instrumento da arte da governação. Trocando a arrogância e a insolência pela aparente serenidade e seriedade, o actual primeiro-ministro tornou-se um exímio mestre do cinismo e da perfídia. E este comportamento individual rapidamente se transformou em padrão de conduta. Hoje, de entre os prosélitos, praticamente já não se encontra quem não lhe siga o exemplo. 
A arena política é actualmente um pântano muitíssimo mais vasto e profundo do que o pântano de que se lamentava António Guterres. À degradação política juntou-se, nos últimos três anos, a degradação económica. À degradação económica juntou-se agora a degradação da dignidade e a esta a degradação da qualidade de vida, a um ponto desconhecido de muitos. E a degradação vai continuar.
Prolongar este estado das coisas, como o presidente da República parece pretender e o PS parece desejar, é certamente o modo mais eficaz de fazer do pântano um caldeirão. 
Não digam depois que o povo decidiu agir acima das suas possibilidades...