Tenho vergonha da circunstância do meu país ser representado pelo actual primeiro-ministro. Nunca tinha assistido a tanto servilismo, a tanta subserviência de um representante de uma nação soberana perante outro representante de outra nação soberana. Passos Coelho comportou-se perante Merkel como o vassalo, na Idade Média, se comportava perante o seu suserano. Na conferência de imprensa ocorrida no Forte de S. Julião da Barra, Passos Coelho teve uma conduta indigna de um chefe de Governo. Literalmente, Passos Coelho prometeu fidelidade à política germânica e pediu protecção. Insistentemente repetiu que esperava ter conseguido dar boa informação à chanceler alemã de todo o trabalho que Portugal está a fazer no sentido do cumprimento do memorando da troyka, como se ela fosse o suserano a quem ele, vassalo, tem de prestar contas. Indecorosamente mesureiro, Passos Coelho coloca Portugal de joelhos perante a Alemanha.
Passos Coelho é, a nível interno, a personalização da mediocridade política que conduz o país para a miséria e para um retrocesso civilizacional de muitas décadas, e é, a nível externo, a personalização da bajulação que ofende a dignidade nacional.
Sinto vergonha de ser representado por um homem assim.