[...]
E assim decidiu ele esperar antes de agir
— sabia bem que a amizade e a paz
são apenas momentos intermédios
que, no fundo, aguardam mudanças.
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Não é por acaso que não consegues, por mais que tentes,
atingir em cheio o dia — qualquer que ele seja —
como se faz às baleias com um arpão.
Os dias têm um invólucro espesso,
uma armadura do material mais resistente que existe:
tudo aquilo de que não se sabe onde está o centro
está seguro.
Assim são os nossos dias que bem queríamos aniquilar
com um arpão. Baleia absurda, sem corpo,
o tempo.
Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia, Caminho.