Temos um governo submisso, vexado, subserviente, que envergonha o país que representa. Do seu discurso e da sua acção ressoam permanentemente vibrações de vassalagem para com políticos e responsáveis estrangeiros e vibrações de resignação perante uma espécie de inevitabilidade de que supostamente somos prisioneiros.
É sempre com uma significativa curvatura na coluna vertebral que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças se relacionam com os parceiros europeus e as instituições internacionais. É sempre com meneios servis que os vemos e os ouvimos agradecer o negócio que a UE, o BCE e o FMI fizeram connosco. Parecem esquecer que, na realidade, se trata unicamente de um negócio e nada mais, e que não se trata, de modo algum, de uma alegada ajuda de amigos. Foi do interesse objectivo de ambas as partes que o negócio se realizasse, porque seria péssimo para todos os envolvidos se assim não acontecesse. Todavia, é um negócio que, curiosamente, sai caro apenas a uma das partes. E essa parte somos nós. A nós cabe-nos pagar o dinheiro emprestado, a nós cabe-nos pagar os juros do dinheiro emprestado, a nós cabe-nos empobrecer e a nós cabe-nos, vergonhosamente, hipotecar a soberania. Acrescentar a tudo isto comportamentos políticos de bajulação que põem em causa a dignidade nacional é inaceitável.
E, mais uma vez, a história não serve para coisa alguma. Se servisse, todas as partes, depois de olharem para trás, teriam a consciência de que momentos altos e momentos baixos todos os países, sem excepção, passam por eles, e sobretudo teriam a consciência de que alguns dos que hoje arrogantemente assumem o papel de cobradores ainda não saldaram, eles mesmos, uma parte significativa das suas próprias dívidas. Dívidas, aliás, de que toda a humanidade é credora.
E, mais uma vez, a história não serve para coisa alguma. Se servisse, todas as partes, depois de olharem para trás, teriam a consciência de que momentos altos e momentos baixos todos os países, sem excepção, passam por eles, e sobretudo teriam a consciência de que alguns dos que hoje arrogantemente assumem o papel de cobradores ainda não saldaram, eles mesmos, uma parte significativa das suas próprias dívidas. Dívidas, aliás, de que toda a humanidade é credora.