quarta-feira, 23 de junho de 2010

Às quartas

Assim

como se planta uma palmeira no deserto
como minha mãe dispõe, sobre a minha cara dura, um beijo
como meu pai tira a capa beduína
e soletra as letras ao meu irmão
como arrasta os cascos de guerra um pelotão
como a haste de trigo se levanta na terra estéril
como uma estrela sorri ao namorado
como seca uma brisa o rosto fatigado do trabalhador
como entre nuvens espessas se levanta uma soberba fábrica
como um grupo de amigos começa a cantar
como um estranho para outro sorri afectuosamente
como uma ave volta ao ninho do amado
como um rapaz leva a sua sacola
como o deserto adverte da fertilidade
assim pulsa em minh'alma a arabidade.

Samih Al-Qasim
(Trad.: Adalberto Alves)