sexta-feira, 19 de março de 2010

Notas soltas

Notas soltas (porque o tempo não tem dado para mais).

1. A ministra da Educação, Isabel Alçada, anunciou hoje que vai alterar o regime de faltas dos alunos e que voltará a haver distinção entre ausências justificadas e injustificadas.
Alfim! Todavia, este anúncio é mais um episódio que serve para reconfirmar aquilo que há muito se sabe: o Partido Socialista não tem uma política para a Educação.
Aquilo a que o PS chama uma política para a Educação resume-se a um amontoado contraditório e caótico de ideias. Aquilo que, nos últimos cinco anos, o Partido Socialista já fez e desfez no domínio da Educação supera aquilo que a mais fértil imaginação conseguiria congeminar. E se compararmos com a política educativa do anterior Governo socialista, o de António Guterres (cuja paixão era a Educação...), a única conclusão que se pode tirar é a de que, aliada à incompetência técnica evidenciada pelos políticos socialistas e pelos seus conselheiros, graça naquele partido uma completa irresponsabilidade que tudo permite.
Contudo, quem paga a factura desta incomensurável irresponsabilidade socialista são os jovens, são os professores, são as famílias, é o País.

2. «A maioria dos políticos e gestores públicos que constam das listas de prendas de Natal do empresário de Aveiro — apreendida pela Judiciária no âmbito da investigação do caso Face Oculta — diz que desconhece os presentes enviados pelo sucateiro. [...]
Contactado pelo SOL, o gabinete de José Sócrates respondeu: "O primeiro-ministro não conhece o senhor Manuel Godinho e não recebeu pessoalmente qualquer presente de Natal seu."» (Sol, 19/3/10)
Não é possível deixar de assinalar a oportunidade e a perspicácia da introdução do advérbio «pessoalmente». Aliás, os advérbios têm sido um instrumento ultimamente bastante utilizado pelo primeiro-ministro. Há pouco tempo, revelou-se de particular oportunidade a introdução do advérbio «oficialmente», para justificar o desconhecimento do negócio da PT... Agora, ficamos a saber que de uma forma directa não recebeu nenhum presente, isto é, pessoalmente não recebeu. E por interposta pessoa, portanto, não pessoalmente, recebeu?
3. «Mesmo que teoricamente Sócrates tivesse mentido, o negócio da TVI não é fundamento para moção de censura.» (Vitalino Canas,
Sol, 19/3/10).
Vamos então supor, teoricamente, que o negócio da TVI não é fundamento para moção de censura. E o facto de um primeiro-ministro mentir ao Parlamento não é fundamento para uma moção de censura? O problema de um primeiro-ministro mentir ao Parlamento não é um problema em si mesmo, independentemente da mentira ser referente à TVI ou a qualquer outro assunto?
Vitalino Canas sabe que é, mas faz de conta que não sabe.