Amanhã há greve da Função Pública, à qual os sindicatos dos professores, pelo menos, os mais conhecidos, aderiram.
Grosso modo, em Portugal, existem dois modelos de sindicalismo corporizados pelas duas centrais sindicais, CGTP e UGT.
O modelo seguido pela UGT valoriza a negociação e considera a greve como o último recurso, que, por norma, deve ser evitado. É um sindicalismo soft, que não está inserido em nenhuma corrente política revolucionária, e que sustenta a sua práxis na confiança que deposita na via reformista da sociedade; sem desestabilizações, sem convulsões, sem colocar em causa os alicerces do sistema económico e, muito menos, sem colocar em causa o sistema político.
A CGTP protagoniza uma outra perspectiva sindical (ainda que no seu interior convivam divergentes concepções quanto à principal função dos sindicatos). Afirma-se como sendo um sindicalismo de contestação que diz pugnar por transformações estruturais do sistema económico e, segundo alguns destes sindicalistas, por alterações do próprio regime/sistema político. Dentro da CGTP coexistem teses revisionistas, revolucionárias e reformistas, estas duas últimas com pouca influência.
Apesar destas diferenças, a prática sindical dos sindicatos da UGT e dos sindicatos da CGTP, em particular na última década, não tem sido notoriamente divergente. As diferenças têm sido mais evidentes no domínio do simbólico do que propriamente no da acção sindical.
As razões são, certamente, múltiplas, mas há um denominador comum entre ambas as centrais e a maioria dos sindicatos que as compõem: as fortes e enraízadas ligações e dependências partidárias, que tudo toldam e que fazem hipotecar as estratégias sindicais às estratégias partidárias.
Os sindicatos dos professores, enfermam do mesmo mal. É por essa razão que, desde 1974, o sindicalismo docente, quando chega a hora da verdade, claudica, embrenha-se em trocas e baldrocas, fraqueja. Faz recorrentemente entradas de leão e saídas de sendeiro. E enreda-se em contradições de que não consegue sair. É isso que se passa neste momento: depois de ter assinado, há dois meses, um Acordo com o Ministério da Educação traz, agora, para o terreno reivindicativo da greve de amanhã aspectos em relação aos quais apôs a sua assinatura de concordância.
Em paralelo, é obrigatório perguntar, a todos os sindicatos envolvidos, pela estratégia sindical de que, supostamente, a greve de amanhã deverá fazer parte. Após o dia 4 de Março, quais são os planos de acção sindical? Que passos se seguem? Também é obrigatório perguntar se a greve de amanhã se inscreve na mesma estratégia que se repete há muitos e bons anos, isto é: realizar uma greve, ritualmente, por altura da discussão do Orçamento de Estado, cujas consequências têm sido, objectivamente, igual a zero.
Aguardei, até hoje, para ver estas perguntas respondidas. As respostas não chegaram.
Amanhã, não farei greve.
Grosso modo, em Portugal, existem dois modelos de sindicalismo corporizados pelas duas centrais sindicais, CGTP e UGT.
O modelo seguido pela UGT valoriza a negociação e considera a greve como o último recurso, que, por norma, deve ser evitado. É um sindicalismo soft, que não está inserido em nenhuma corrente política revolucionária, e que sustenta a sua práxis na confiança que deposita na via reformista da sociedade; sem desestabilizações, sem convulsões, sem colocar em causa os alicerces do sistema económico e, muito menos, sem colocar em causa o sistema político.
A CGTP protagoniza uma outra perspectiva sindical (ainda que no seu interior convivam divergentes concepções quanto à principal função dos sindicatos). Afirma-se como sendo um sindicalismo de contestação que diz pugnar por transformações estruturais do sistema económico e, segundo alguns destes sindicalistas, por alterações do próprio regime/sistema político. Dentro da CGTP coexistem teses revisionistas, revolucionárias e reformistas, estas duas últimas com pouca influência.
Apesar destas diferenças, a prática sindical dos sindicatos da UGT e dos sindicatos da CGTP, em particular na última década, não tem sido notoriamente divergente. As diferenças têm sido mais evidentes no domínio do simbólico do que propriamente no da acção sindical.
As razões são, certamente, múltiplas, mas há um denominador comum entre ambas as centrais e a maioria dos sindicatos que as compõem: as fortes e enraízadas ligações e dependências partidárias, que tudo toldam e que fazem hipotecar as estratégias sindicais às estratégias partidárias.
Os sindicatos dos professores, enfermam do mesmo mal. É por essa razão que, desde 1974, o sindicalismo docente, quando chega a hora da verdade, claudica, embrenha-se em trocas e baldrocas, fraqueja. Faz recorrentemente entradas de leão e saídas de sendeiro. E enreda-se em contradições de que não consegue sair. É isso que se passa neste momento: depois de ter assinado, há dois meses, um Acordo com o Ministério da Educação traz, agora, para o terreno reivindicativo da greve de amanhã aspectos em relação aos quais apôs a sua assinatura de concordância.
Em paralelo, é obrigatório perguntar, a todos os sindicatos envolvidos, pela estratégia sindical de que, supostamente, a greve de amanhã deverá fazer parte. Após o dia 4 de Março, quais são os planos de acção sindical? Que passos se seguem? Também é obrigatório perguntar se a greve de amanhã se inscreve na mesma estratégia que se repete há muitos e bons anos, isto é: realizar uma greve, ritualmente, por altura da discussão do Orçamento de Estado, cujas consequências têm sido, objectivamente, igual a zero.
Aguardei, até hoje, para ver estas perguntas respondidas. As respostas não chegaram.
Amanhã, não farei greve.