sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ao estado a que isto está a chegar

Notícia do Público on line (19/02/09):

Ministério Público proíbe sátira ao Magalhães no Carnaval de Torres Vedras

«O presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Miguel, foi surpreendido ao início da tarde com um fax do Ministério Público no qual era dado um prazo à autarquia para retirar o conteúdo sobre o computador Magalhães, que fazia parte do "Monumento", e onde apareciam mulheres nuas no ecrã do portátil. “Achamos que pela primeira vez após o 25 de Abril temos um acto de censura aos conteúdos do Carnaval de Torres”, lamentou o responsável, em declarações à Antena 1.
“Fomos surpreendidos agora cerca da uma hora com um fax do Ministério Público assinado pela senhora delegada do 1º juízo, a qual nos dá um prazo até às 15h30 para retirar o conteúdo do computador Magalhães”, explicou o autarca, citado pela mesma fonte.
Carlos Miguel acrescentou que “o que existe é uma sátira ao computador Magalhães com um autocolante que se pressupõe que seja o ecrã” do portátil e onde é visível uma pesquisa no Google com a palavra-chave "mulheres". Por isso, não entende o pedido para o retirarem do Carnaval e entregaram mais tarde ao tribunal judicial o autocolante.
»

Pelo conteúdo da notícia, não se vislumbra qualquer razão que possa justificar esta proibição.
Existe algo mais que não foi explicado ou isto é um inadmissível e condenável acto censório fruto do ar que se respira em Portugal?
Seja como for, é um facto que o medo está instalado na sociedade portuguesa. Desde 25 de Abril de 1974 que nada de comparável existiu ao que ocorre neste momento no nosso país: empresários que têm medo de falar, trabalhadores que têm medo de fazer greve, professores que têm medo de manifestar publicamente as suas opiniões, militantes do PS que denunciam o medo que domina o partido, magistrados que têm medo de estarem a ser vigiados, etc. etc.
O Partido Socialista, o Governo e, em particular, o seu primeiro-ministro são os responsáveis pelo clima de amedrontamento em que muitos portugueses vivem. A objectiva falta de cultura, em particular, falta de cultura democrática, de José Sócrates, acrescida dos seus tiques de desmedida arrogância, de desmedida apetência pelo poder e de falta de respeito pelo outro e pelas ideias do outro originam a que os medíocres deste país, possuídos da mais pequena ou mesmo ínfima parcela de poder que seja, rapidamente se transformem em candidatos a tiranetes.
Os Sócrates, os Silva Pereiras, os Santos Silvas, as Lurdes Rodrigues, as Margaridas Moreiras são arquétipos comportamentais que inspiram os medíocres e toda a mediocridade portuguesa.