«A ministra da Educação revelou ontem que 83 por cento dos professores foram classificados com Bom no último ano lectivo, uma percentagem que, segundo ela, vem mostrar que os docentes com melhores notas do que esta devem ser distinguidos com uma progressão mais rápida na carreira.» (Público, 7/1/10)
A anterior ministra da Educação pautava o seu comportamento por uma arrogância desmedida e por uma incompetência inimaginável. A actual ministra pauta o seu comportamento pela aposta no sorriso em contínuo, venha ele a propósito ou a despropósito, e pela aposta na argumentação frívola que visa recolher a concordância do cidadão desinformado sobre os meandros da Educação.
De facto, dizer que «83 por cento dos professores foram classificados com Bom no último ano lectivo», para daí justificar a existência de quotas porque existe «a tradição de classificar de bom» o desempenho profissional é apostar na infantilização do discurso e do raciocínio para atingir fins que nada têm que ver com a seriedade argumentativa.
Para além de ser factualmente falso que seja tradição classificar de bom o desempenho profissional — anteriormente existiam as classificações de insatisfaz, satisfaz, bom e muito bom (esta última nunca foi regulamentada, quer pelos sucessivos governos do PS, quer do PSD), e a esmagadora maioria dos professores obtinha a classificação de satisfaz e não de bom, o que é, do ponto de vista qualificativo, muito diferente —, mas, dizia eu, que para além de ser factualmente falsa, esta afirmação, deliberadamente, passa por cima daquilo que é o fulcro do problema e que se define em dois pontos:
— a validade e a fiabilidade do modelo avaliativo;
— a credibilidade e a competência de quem avalia.
Se, do ponto de vista da ministra, as classificações atribuídas são fruto da tradição e não de uma criteriosa avaliação isso significa apenas uma ou duas coisas:
a) o modelo de avaliação é mau;
b) e/ou os avaliadores não estavam/não estão preparados para as funções que desempenharam/desempenham.
Ora, neste momento, não se ouve uma só voz a defender o modelo de avaliação em vigor, nem sequer do próprio Governo, do que se conclui, o que já toda a gente sabia: o actual modelo (seja na versão original, seja na versão simplex) é péssimo, é uma farsa, é incompetente. Da sua aplicação resultaram as maiores barbaridades avaliativas.
Esta é a principal causa do problema. E quem é o responsável? O Governo. José Sócrates. Maria de Lurdes Rodrigues. Com a cumplicidade da actual ministra que não poupou elogios à sua antecessora.
A segunda causa do problema está nos avaliadores: a esmagadora maioria deles não têm nem formação para essas funções nem são reconhecidos como competentes pelos seus pares. Foram arbitrariamente escolhidos em função de um vergonhoso concurso para uma coisa denominada de professor titular.
Da adição destes dois factores só poderiam sair dislates atrás de dislates. Foi isso que aconteceu. É isso que continua acontecer.
Mas disto a ministra não fala. Prefere a demagogia rasteira e a infantilização argumentativa.
A anterior ministra da Educação pautava o seu comportamento por uma arrogância desmedida e por uma incompetência inimaginável. A actual ministra pauta o seu comportamento pela aposta no sorriso em contínuo, venha ele a propósito ou a despropósito, e pela aposta na argumentação frívola que visa recolher a concordância do cidadão desinformado sobre os meandros da Educação.
De facto, dizer que «83 por cento dos professores foram classificados com Bom no último ano lectivo», para daí justificar a existência de quotas porque existe «a tradição de classificar de bom» o desempenho profissional é apostar na infantilização do discurso e do raciocínio para atingir fins que nada têm que ver com a seriedade argumentativa.
Para além de ser factualmente falso que seja tradição classificar de bom o desempenho profissional — anteriormente existiam as classificações de insatisfaz, satisfaz, bom e muito bom (esta última nunca foi regulamentada, quer pelos sucessivos governos do PS, quer do PSD), e a esmagadora maioria dos professores obtinha a classificação de satisfaz e não de bom, o que é, do ponto de vista qualificativo, muito diferente —, mas, dizia eu, que para além de ser factualmente falsa, esta afirmação, deliberadamente, passa por cima daquilo que é o fulcro do problema e que se define em dois pontos:
— a validade e a fiabilidade do modelo avaliativo;
— a credibilidade e a competência de quem avalia.
Se, do ponto de vista da ministra, as classificações atribuídas são fruto da tradição e não de uma criteriosa avaliação isso significa apenas uma ou duas coisas:
a) o modelo de avaliação é mau;
b) e/ou os avaliadores não estavam/não estão preparados para as funções que desempenharam/desempenham.
Ora, neste momento, não se ouve uma só voz a defender o modelo de avaliação em vigor, nem sequer do próprio Governo, do que se conclui, o que já toda a gente sabia: o actual modelo (seja na versão original, seja na versão simplex) é péssimo, é uma farsa, é incompetente. Da sua aplicação resultaram as maiores barbaridades avaliativas.
Esta é a principal causa do problema. E quem é o responsável? O Governo. José Sócrates. Maria de Lurdes Rodrigues. Com a cumplicidade da actual ministra que não poupou elogios à sua antecessora.
A segunda causa do problema está nos avaliadores: a esmagadora maioria deles não têm nem formação para essas funções nem são reconhecidos como competentes pelos seus pares. Foram arbitrariamente escolhidos em função de um vergonhoso concurso para uma coisa denominada de professor titular.
Da adição destes dois factores só poderiam sair dislates atrás de dislates. Foi isso que aconteceu. É isso que continua acontecer.
Mas disto a ministra não fala. Prefere a demagogia rasteira e a infantilização argumentativa.