Soubemos, pela comunicação social, que a directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, considerou que seria «útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média», e concluiu: «os alunos têm direito a ter sucesso» (Público, 28/06/008).
A tentativa de esclarecimento desta orientação veio, depois, por intermédio do presidente do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional, do Ministério da Educação): «A mensagem que se pretende passar é que os professores designados para ver os exames devem cumprir rigorosamente os critério de classificação emanados do Gave. Não é só para os que dão notas baixas mas também para os que dão notas altas» (Público, 28/06/08).
A ser verdade que a responsável da DREN disse o que lhe é atribuído, o esforço do presidente do Gave, para dotar de seriedade essas afirmações, foi inútil. Foi inútil porque as palavras finais de Margarida Moreira foram claras: «os alunos têm direito a ter sucesso». Ora, isto significa que aquilo que verdadeiramente preocupa esta directora regional não é o cumprimento rigoroso dos critérios de classificação do Gave e, muito menos, o conjunto os professores que dão notas mais altas que a média, porque, essas, como é óbvio, não põem em perigo o tal «sucesso a que todos têm direito» (ao que parece, independentemente do trabalho desenvolvido); o que a preocupa é, exclusivamente, o conjunto de classificações inferiores à média, aquelas classificações que estragam as estatísticas, que borram a pintura, que dão uma imagem indesejável. Esse é que é o problema, o problema nada tem que ver com rigor. Pelo contrário!
A gigantesca campanha em prol do facilitismo e do sucesso estatístico a qualquer preço avança, como se vê, com recurso a todos e quaisquer meios (novo Estatuto do Aluno, exames cada vez mais com níveis inferiores de dificuldade, afastamento dos correctores mais exigentes, etc., etc.). Agora, de um modo simplesmente administrativo, e com uma só medida, alcançam-se dois objectivos:
1. Elimina-se a exigência com o afastamento dos professores que a aplicavam;
2. Automaticamente, sobe-se a média das classificações, que é isso que verdadeiramente interessa à ministra da Educação e ao Governo do engenheiro José Sócrates.
Convém lembrar que, a continuar assim, no próximo ano, serão os professores que actualmente estão dentro da média que serão afastados, porque, entretanto, a média sobe, devido à eliminação das classificações dos professores mais exigentes. Isto é, a breve prazo, só corrigirão exames os professores que têm dado classificações muito acima da média (mas que, no futuro, constituirão, essas mesmas classificações, a média desejada e saudada pelo Ministério como sendo aquela que respeita o «direito ao sucesso» de todos os alunos).
Há muitos anos, dizia Sttau Monteiro que a relação dos portugueses com Portugal passava (salvo o erro) por quatro fases: a primeira fase era a da estupefacção, a segunda a da indignação, a terceira a da resignação e a quarta a da emigração.
Pela minha parte, encontro-me num estádio adiantadíssimo da segunda, e como não me dou com a terceira...
A tentativa de esclarecimento desta orientação veio, depois, por intermédio do presidente do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional, do Ministério da Educação): «A mensagem que se pretende passar é que os professores designados para ver os exames devem cumprir rigorosamente os critério de classificação emanados do Gave. Não é só para os que dão notas baixas mas também para os que dão notas altas» (Público, 28/06/08).
A ser verdade que a responsável da DREN disse o que lhe é atribuído, o esforço do presidente do Gave, para dotar de seriedade essas afirmações, foi inútil. Foi inútil porque as palavras finais de Margarida Moreira foram claras: «os alunos têm direito a ter sucesso». Ora, isto significa que aquilo que verdadeiramente preocupa esta directora regional não é o cumprimento rigoroso dos critérios de classificação do Gave e, muito menos, o conjunto os professores que dão notas mais altas que a média, porque, essas, como é óbvio, não põem em perigo o tal «sucesso a que todos têm direito» (ao que parece, independentemente do trabalho desenvolvido); o que a preocupa é, exclusivamente, o conjunto de classificações inferiores à média, aquelas classificações que estragam as estatísticas, que borram a pintura, que dão uma imagem indesejável. Esse é que é o problema, o problema nada tem que ver com rigor. Pelo contrário!
A gigantesca campanha em prol do facilitismo e do sucesso estatístico a qualquer preço avança, como se vê, com recurso a todos e quaisquer meios (novo Estatuto do Aluno, exames cada vez mais com níveis inferiores de dificuldade, afastamento dos correctores mais exigentes, etc., etc.). Agora, de um modo simplesmente administrativo, e com uma só medida, alcançam-se dois objectivos:
1. Elimina-se a exigência com o afastamento dos professores que a aplicavam;
2. Automaticamente, sobe-se a média das classificações, que é isso que verdadeiramente interessa à ministra da Educação e ao Governo do engenheiro José Sócrates.
Convém lembrar que, a continuar assim, no próximo ano, serão os professores que actualmente estão dentro da média que serão afastados, porque, entretanto, a média sobe, devido à eliminação das classificações dos professores mais exigentes. Isto é, a breve prazo, só corrigirão exames os professores que têm dado classificações muito acima da média (mas que, no futuro, constituirão, essas mesmas classificações, a média desejada e saudada pelo Ministério como sendo aquela que respeita o «direito ao sucesso» de todos os alunos).
Há muitos anos, dizia Sttau Monteiro que a relação dos portugueses com Portugal passava (salvo o erro) por quatro fases: a primeira fase era a da estupefacção, a segunda a da indignação, a terceira a da resignação e a quarta a da emigração.
Pela minha parte, encontro-me num estádio adiantadíssimo da segunda, e como não me dou com a terceira...