Boas notícias: más notícias
«Parece que somos os mais pessimistas da Europa. Até que enfim, ocupamos um lugar relevante em lucidez. Fico feliz por acertarmos na análise. Aliás, só ficava mais feliz se errássemos. Só há 15 por cento de portugueses a acreditar que a sua vida vai melhorar no próximo ano. Coitados, devem ter batido mesmo no fundo. E, atenção, o Eurobarómetro não me ouviu. À pergunta "acha que vai piorar?", eu responderia: não. Acho que vai piorar muito, antes de começar a piorar, mesmo. Mas faço um balanço optimista deste pessimismo. Ainda há dias havia portugueses camionistas suficientemente optimistas para acreditar que nós tínhamos trocos para lhes alimentar o desgoverno nos negócios. Ainda há dias houve um Governo que lhes amparou a ilusão. E, agora, eis-nos lúcidos. É bom. É bom sabermos que isto, estando mau, está mau. Mas, atenção, não vale correr às agências de férias a esgotar as viagens. Isso indicia um pessimismo exagerado, de quem suspeita que para o ano já não há.»
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias (25/06/08)
«Parece que somos os mais pessimistas da Europa. Até que enfim, ocupamos um lugar relevante em lucidez. Fico feliz por acertarmos na análise. Aliás, só ficava mais feliz se errássemos. Só há 15 por cento de portugueses a acreditar que a sua vida vai melhorar no próximo ano. Coitados, devem ter batido mesmo no fundo. E, atenção, o Eurobarómetro não me ouviu. À pergunta "acha que vai piorar?", eu responderia: não. Acho que vai piorar muito, antes de começar a piorar, mesmo. Mas faço um balanço optimista deste pessimismo. Ainda há dias havia portugueses camionistas suficientemente optimistas para acreditar que nós tínhamos trocos para lhes alimentar o desgoverno nos negócios. Ainda há dias houve um Governo que lhes amparou a ilusão. E, agora, eis-nos lúcidos. É bom. É bom sabermos que isto, estando mau, está mau. Mas, atenção, não vale correr às agências de férias a esgotar as viagens. Isso indicia um pessimismo exagerado, de quem suspeita que para o ano já não há.»