Li, no Diário de Notícias, que um jovem escritor português terá dado, há pouco tempo, uma conferência na Universidade de Maputo. E o modo como se apresentou nessa conferência terá sido assim: «Sou branco por fora, mas preto no interior — sou igual a vocês, sou um rebelde».
No entanto, parece que alguns dos estudantes presentes comentaram que eram pretos, mas que não se sentiam rebeldes. E perguntaram por que razão, para o nosso escritor, preto era sinónimo de rebelde. Parece que o nosso escritor terá ficado bastante atrapalhado e atarantado com a rebeldia dos estudantes, pretos por fora, contra a sua rebeldia, própria, ao que parece, de quem é preto por dentro.
Tenho de confessar a minha inveja de não ter presenciado esta cena. Se há coisa que eu detesto é o oportunismo do politicamente correcto, seja de direita ou seja de esquerda. E se há coisa que me dá prazer é ver esse oportunismo ser desconstruído em público.
Não sei quem é o tal escritor nem me interessa, o que me interessa é o que este tipo de comportamento representa e o estereótipo que simboliza.
Há quem pense que um intelectual que não seja tido como um rebelde não é um verdadeiro intelectual. Há quem pense que ser rebelde é um bem em si mesmo. Há quem pense que o homem branco, por ser branco, por ter nascido branco, estará eternamente em dívida para com o homem preto. Há quem pense que o homem branco, por ser branco, é necessariamente mau, e que o homem preto, por ser preto, é necessariamente bom (ou rebelde). E por aí fora...
Mas estes tiques, e outros do género, são antigos. Recordo-me das inúmeras vezes que ouvi um famoso poeta e compositor brasileiro apresentar-se nos seus espectáculos deste modo: «O meu nome é Vinícius de Moraes, o branco mais preto do Brasil.»
Pois...
No entanto, parece que alguns dos estudantes presentes comentaram que eram pretos, mas que não se sentiam rebeldes. E perguntaram por que razão, para o nosso escritor, preto era sinónimo de rebelde. Parece que o nosso escritor terá ficado bastante atrapalhado e atarantado com a rebeldia dos estudantes, pretos por fora, contra a sua rebeldia, própria, ao que parece, de quem é preto por dentro.
Tenho de confessar a minha inveja de não ter presenciado esta cena. Se há coisa que eu detesto é o oportunismo do politicamente correcto, seja de direita ou seja de esquerda. E se há coisa que me dá prazer é ver esse oportunismo ser desconstruído em público.
Não sei quem é o tal escritor nem me interessa, o que me interessa é o que este tipo de comportamento representa e o estereótipo que simboliza.
Há quem pense que um intelectual que não seja tido como um rebelde não é um verdadeiro intelectual. Há quem pense que ser rebelde é um bem em si mesmo. Há quem pense que o homem branco, por ser branco, por ter nascido branco, estará eternamente em dívida para com o homem preto. Há quem pense que o homem branco, por ser branco, é necessariamente mau, e que o homem preto, por ser preto, é necessariamente bom (ou rebelde). E por aí fora...
Mas estes tiques, e outros do género, são antigos. Recordo-me das inúmeras vezes que ouvi um famoso poeta e compositor brasileiro apresentar-se nos seus espectáculos deste modo: «O meu nome é Vinícius de Moraes, o branco mais preto do Brasil.»
Pois...